terça-feira, 30 de setembro de 2008

Parte a tua televisão!


«É um prodigioso meio de propaganda. É também um elemento de embrutecimento no sentido de que as pessoas confiam naquilo que lhes é mostrado. Elas já não imaginam. Elas vêem. Elas perdem a noção de juízo e dedicam-se gentilmente à preguiça. A televisão é perigosa para os homens. O alcoolismo, a coscuvilhice e a política já fazem embrutecidos. É preciso juntar ainda mais qualquer coisa?»

Louis-Ferdinand Céline

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Gianluca Iannone em Portugal

Gianluca Iannone em Portugal


Há uma semana, Gianluca Iannone esteve em Portugal. Depois de uma visita à capital, foi ao Montijo para o encontro-debate "Roma e Acção Metapolítica", onde teve oportunidade de dar a conhecer o excelente trabalho desenvolvido em Itália.

Numa confraternização próxima com cerca de três dezenas de interessados, contou como, há dez anos atrás, um grupo de amigos fundou uma comunidade que conseguiu concretizar excelentes projectos exemplares, que hoje são uma inspiração e uma motivação dentro e fora de Itália. Da Casa Pound e o Mutuo Sociale ao Blocco Studentesco, passando pela Radio Bandiera Nera e a Tortuga TV, entre várias escolas desportivas para crianças e jovens, uma livraria, conferências, concertos e publicações, o Gianluca mostrou que quando há vontade e um grupo determinado é possível atingir mesmo os objectivos mais inesperados.

Respondendo depois às várias questões colocadas pela audiência, salientou a importância das iniciativas sociais no nosso combate metapolítico e a necessidade de abandonar causas perdidas ultrapassadas, becos sem saída que apenas nos são prejudiciais.

Uma excelente iniciativa, devida ao João Roma, que se quer primeira de muitas, para a construção de uma rede de trabalho europeia.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Pierre Krebs, ou a arte de assinalar os problemas de fundo

Entrevista de Luis Anza para o n.º 1 do jornal espanhol Identidad, após o lançamento do livro La Lucha por lo Esencial. Pierre Krebs é licenciado em Direito, Jornalismo e Ciência Política, doutorou-se em Filosofia, com a tese “Paul Valéry face a Wagner: medida de proximidade”, e é professor de História e Política. Dirige a associação Thule-Seminar, é conferencista e colaborador de vários meios de comunicação franceses e alemães, director da revista Elemente der Metapolitik e escreveu vários ensaios sobre política e sociologia, entre os quais Im Kampf um das Wesen, já publicado em francês e agora em espanhol.


Na introdução do seu livro cita Antoine de Saint-Exupéry e Kurt Eggers. Considera-se mais francês ou alemão?
Antes de tudo, considero-me europeu. A identidade francesa e a identidade alemã não são mais que aspectos de uma mesma identidade: a europeia.

Na sua obra a ideia de identidade é central. Porquê?
Sem identidade não há raízes, sem raízes não é duradouro, tudo se constrói no vazio. Quanto mais profundas são essas raízes, mais sólida é uma comunidade e a sua encarnação jurídica, o Estado. Renunciar à identidade é renunciar a permanecer na história.

A Europa está a renunciar a sua identidade?
Veja à sua volta: fast-food e kebab, música étnica e de fusão, as modas e os produtos culturais americanos gozam do maior êxito e, para cúmulo, temos cerca de 30 milhões de imigrantes de outras culturas.

E isso é bom ou mau?
É a decadência. A decadência é um vírus que quando se infiltra nos povos acaba por corroê-los. A globalização e a mundialização são a asfixia dos povos.

Essa decadência não pode ser apenas passageira?
Só será passageira se os povos europeus mantiverem íntegro o seu substrato étnico e cultural. Se a desfiguração destes elementos for além de certos limites, desenganem-se, não há possibilidade de ultrapassar a crise.

Apesar disso, a opinião geral é de que caminhamos para uma “Europa mestiça”…
A diferença é que um povo colonizado que pode regressar às suas raízes logo que se liberte do jugo estrangeiro, um povo mestiço é um povo geneticamente manipulado que já não possui qualquer raiz.

Spengler dizia que a decadência das civilizações era inevitável.
Equivocava-se. A decadência não é o nosso destino inevitável. As linhagens hereditárias não “envelhecem”, mas é possível que sejam assassinados ou morram no combate. Lembremos o que aconteceu em Roam: sete séculos de guerras tiveram como consequência a morte dos melhores, uma selecção ao contrário.

Hoje existe o risco do assassinato da identidade europeia?
Sim, especialmente quando os povos europeus se submetem a influências culturais negativas e quando o nível demográfico decresce.

Isso não gera uma crise insuperável?
O estado de crise é, de facto, o estado normal na vida das culturas e dos povos. O mundo está em crise desde que é mundo. A crise é a lei fundamental da vida. Quando se entende a crise como um desafio, desperta a energia em vez de adormecê-la.

Qual é o grande desafio actual?
Sem dúvida, entender o processo de decadência que afecta a Europa. Só entendendo este processo será possível reagir.


Qual é então o segredo da decadência?
Há vários desencadeantes, a ideologia igualitária em primeiro lugar: onde há nivelação deixa de haver tensão. Uma vida sem tensão não é vida, é morte. Por outro lado, como defende Julien Freund, é desconcertante que o domínio da técnica e da natureza física seja acompanhado por uma regressão na ordem da natureza humana. Hoje a maioria dos seres humanos carece de domínio sobre si mesmos.

Não acredita que a União Europeia possa ajudar a ultrapassar a crise?
A UE não é a solução, é parte do problema. A Europa é vítima cada vez mais da burocracia planificadora e de uma tecnocracia apolítica em essência e cosmopolita por natureza, submetida pela crescente pressão dos consórcios multinacionais.

Por certo a Turquia entrará na UE?
Não o desejo, isso seria uma catástrofe para a identidade europeia, algo que não importa aos tecnocratas da UE. A única coisa que lhes interessa é se a entrada da Turquia desequilibrará economicamente ou não a UE; não lhes importa a identidade europeia.

Não acredita que um liberalismo económico são possa trazes paz e progresso?
O liberalismo projecta para o futuro da humanidade uma radical e profunda transformação da Terra num imenso mercado de trocas, no qual os indivíduos ficaram reduzidos a “unidades económicas” (mão-de-obra, clientes, empresários ou consumidores); tudo o resto (nações, Estados, povos, identidade) são consideradas anomalias provisórias em relação ao projecto de um mercado mundial.

A Europa terá sempre o “amigo americano”…
O sistema mundialista e globalizado favorece extraordinariamente os EUA e, em especial, a sua classe dirigente. Washington está para converter-se na capital técnico-financeira do grande mercado mundial, cujo sistema nervoso está constituído pela rede de corporações multinacionais. Veja-se isto: entre as 650 multinacionais mais importantes, 638 são controladas a partir dos EUA.

No fundo, se o mundo for mais homogéneo reduzem-se as possibilidades de conflito. Não lhe parece?
Uma das leis fundamentais do universo é a lei da heterogeneidade extrema a todos os níveis (movimentos, velocidades) e em todos os planos da matéria (formas, massas). Mesmo nos fósseis humanos mais arcaicos identifica-se um polimorfismo incrível. Um mundo homogeneizado, nivelado, igualitário até ao limite, não é um mundo: é a antecâmara do inferno.

Acredita que as nações actuais possam desaparecer?
Desaparecerão na medida em que desaparecerem as identidades. As nações estão intimamente ligadas ao território e à identidade. De facto, a ideia de identidade pressupõe a ideia de territorialidade. Não há identidade sem território.

Que acontecerá então com as novas identidades chegadas com a imigração?
Um fenómeno perverso: por um lado atenuar-se-ão as identidades das nações europeias, por outro afirmam-se as identidades dos imigrantes, os quais que se reagrupam em comunidades, bairros, guetos, para manter viva a lembrança do seu grupo de origem. É uma questão de tempo que, mais tarde ou mais cedo, reivindiquem um território próprio.

Lembro-lhe que isto é a Europa, existe uma ordem constitucional, uma autoridade…
Serviu realmente para alguma coisa quando as identidades magrebinas protagonizaram a formidável revolta de Novembro de 2005, que deixou o Maio de 68 parecer uma brincadeira de crianças? A revolta dos subúrbios, não foi mais que a revolta de uma identidade estranha enxertada em solo europeu, francês naquele caso. A primeira labareda da futura guerra civil racial e social.

Não deixa muito lugar para o optimismo…
A Europa pode e deve reagir perante esta situação. Estamos a falar da Europa, não de uma tribo perdida na Amazónia. A Europa deve renascer de si mesma, de uma nova reapropriação da sua própria origem. Não é dos outros que devemos esperar a salvação da nossa cultura, mas de nós próprios.

E isso é possível?
Isso é possível se os europeus o assumirem. É preciso que a Europa volte a ser ela própria, volte a determinar-se e a reafirmar-se a si mesma, que se proteja a si própria das pretensões especialmente vindas de Washington.

… que todos o vejamos.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008