segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Metafísica da Memória


"«Memória» é uma palavra que sofreu usos excessivos. Mas, sob o pretexto de que a palavra «amor» é usada gratuitamente, deveríamos não mais a utilizar no seu sentido pleno? O mesmo vale para a «memória». É pelo vigor da sua memória, transmitida no seio das famílias, que uma comunidade pode atravessar os tempos, apesar das ameaças que tendem a dissolvê-la. É à sua muito longa memória que os chineses, os japoneses, os judeus e tantos outros povos devem o facto de terem superado perigos e perseguições sem jamais terem desaparecido. Para sua infelicidade, por causa de uma história rompida, os europeus estão dela privados.

Pensava nesta carência da memória europeia quando alguns estudantes me convidaram para falar do futuro da Europa e do «Século de 1914». A partir do momento em que a palavra Europa é pronunciada surgem os equívocos. Alguns pensam na União Europeia para a aprovar ou criticar, lamentando, por exemplo, que ela não seja uma «potência». Para dissipar toda a confusão, gosto de precisar sempre que deixo de lado a parte política. Reportando-me ao princípio de Epicteto, «o que depende de nós e o que não depende», sei que depende de mim fundar a minha vida sobre os valores originais dos Europeus, enquanto mudar a política não depende de mim. Também sei que, sem uma ideia que a anime não há acção coerente.

Essa ideia enraíza-se na consciência de Europa-civilização que anula a oposição entre região, nação, Europa. Podemos ser ao mesmo tempo Bretão ou Provençal, Francês e Europeu, filho de uma mesma civilização que atravessou os tempos depois da primeira cristalização perfeita que foram os poemas homéricos. «Uma civilização – dizia excelentemente Fernand Braudel – é uma continuidade que, quando muda, mesmo se tão profundamente que possa implicar uma nova religião, incorpora valores ancestrais que sobrevivem através dela e permanecem a sua substância». Nesta continuidade, devemos de ser o que somos.

Na sua diversidade, os homens não existem senão pelo que os distingue: clãs, povos, nações, culturas, civilizações, e não pela sua animalidade, que é universal. A sexualidade é comum a toda a humanidade, tanto quanto a necessidade de comer. Em contrapartida, o amor, como a gastronomia, são próprios de uma civilização, isto é, de um esforço consciente sobre o longo prazo. E o amor como o concebem os europeus está já presente nos poemas homéricos pelas personagens contrastantes de Helena, Nausícaa, Heitor, Andrómaca, Ulisses ou Penélope. O que se revela através das personagens é totalmente diferente do que mostram as grandes civilizações da Ásia, cujo refinamento e beleza não estão em causa.

A ideia que fazemos do amor não é menos importante do que o sentimento trágico da história e do destino que caracteriza o espírito europeu. Define uma civilização, a sua espiritualidade imanente e o sentido da vida de cada um, como a ideia que fazemos do trabalho. Este tem por único fim «fazer dinheiro», como se pensa do outro lado do Atlântico, ou tem por fim, ainda que assegurando uma justa retribuição, a realização pessoal visando a excelência, mesmo em tarefas na aparência tão triviais como os cuidados da casa? Esta percepção conduziu os nossos antepassados a criar sempre mais beleza nas tarefas mais humildes como nas mais altas. Ter consciência disso significa dar um sentido metafísico à «memória».

Cultivar a nossa «memória», transmiti-la viva aos nossos filhos, meditar também sobre as provas que a história nos impôs, esse é o prelúdio de todo o renascimento. Face aos desafios inéditos que nos foram impostos pelas catástrofes do «século de 1914» e a sua mortal desmoralização, encontraremos na reconquista da nossa «memória» étnica respostas que eram desconhecidas daqueles que viveram num mundo estável, forte e protegido."

Dominique Venner
in La Nouvelle Revue d’Histoire n°40, Janeiro-Fevereiro 2009.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Uma maneira de ser


"Mas o nosso movimento não seria de todo entendido se se cresse que é tão-somente uma maneira de pensar; não é uma maneira de pensar: é uma maneira de ser. Não devemos propor só a construção, a arquitectura política. Temos que adoptar, perante a vida inteira, em cada um dos nossos actos, uma atitude humana, profunda e completa. Esta atitude é o espírito de serviço e sacrifício, o sentido ascético e militar da vida."

José António Primo de Rivera

sábado, 19 de dezembro de 2009

Crescer pelo decrescimento


"O maior perigo neste momento é a passividade. Apresentam-nos a mundialização como uma tendência inevitável, dizem-nos que, depois do fracasso do socialismo, o capitalismo e a lei de mercado é a única via possível. Nada disto é verdade. Sem conhecer todas as soluções aos problemas sociais e ambientais com que nos deparamos, sem ter uma visão precisa do que será a sociedade ideal. Há certamente outras vias de acção que permitam o progresso para uma ecosociedade, uma sociedade em que os humanos vivam em harmonia entre eles e a natureza. Em suma, trata-se de abolir a submissão à economia e criar uma sociedade que favoreça o bem-estar completo de todos os seus membros."

Serge Mongeau
in "Vers la simplicité volontaire".

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Mais Mulheres na Área!

Pior do que a guerra...


"Pior do que a guerra é as sociedades humanas viverem subjugadas pela violência unilateral de um só grupo, pelo poder dos fortes sem escrúpulos, pelo vício, pela corrupção que não conhece limites, pela negação da verdade, da justiça ou liberdade. Ou seja, pelo domínio do mal e pelo desespero de saber que a paz e a ordem jamais serão restabelecidos. O bem que a paz fomenta nunca poderá ser garantido pelo comodismo pacifista, nem poderá provir da iniquidade de entregar as populações aos caprichos de ideologias ou de ideais perversos."

João José Brandão Ferreira
in "Em Nome da Pátria", Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2009.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O Sonho Americano


«Na própria medida em que se sentem ameaçados por tudo o que difere deles, os Estados Unidos aspiram no fundo a um mundo sem inimigos, sem ameaças, o que equivale inevitavelmente a um mundo homogéneo. Pensam que não estarão verdadeiramente em segurança senão quando tudo o que arraigadamente diferente tiver sido eliminado, quer isto dizer assim que o mundo inteiro tiver sido americanizado. O seu unilateralismo, mais ainda que o seu intervencionismo, não se explica de outra forma.»

Alain de Benoist
in «Guerra Justa, Terrorismo, Estado de Urgência e Nomos da Terra - A actualidade de Carl Schmitt», Antagonista (2009).

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Divisão Azul


Terminada a Guerra Civil, marcada pela extrema violência de ambos os lados em conflito, Franco começou a lenta reestruturação do país. Logo começou a 2ª Guerra Mundial, e lhe foi cobrada uma posição no conflito. O encontro com Hitler foi em 13 de Novembro de 1940, em Hendaye, na França. O encontro com Mussolini foi em 7 de Março de 1941, em Bordighera, na Itália. Franco optou pela neutralidade enviando para a Alemanha apenas uma divisão de infantaria, conhecida como “Divisão Azul”, a de número 250 da Wehrmacht, comandada pelo Generalmajor Muñoz Grandes. Esta divisão era composta por voluntários espanhóis, na maior parte falangistas, e por alguns portugueses, ex-membros da Legião Viriato. Engajou-se na luta no sector de Leningrado, na Rússia, até ser retirada de combate, com cerca de seis mil baixas.

Dos portugueses desta divisão, somente um retornou vivo. A maior parte morreu no frio de 35º abaixo de zero das estepes russas. O sobrevivente chamava-se João Rodrigues Júnior. Este, em 1936, depois de ter cumprido o serviço militar, partiu para Espanha, onde havia começado a guerra Civil, e se alistara na Legião Estrangeira Espanhola. Em 1941, terminaria seu contrato de cinco anos com a Legião, mas decidiu por renová-lo para lutar contra o comunismo. Em 1942, aos 26 anos, retornou para sua casa, ainda um idealista.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Boletim Evoliano #08

A vida é alfa e ómega


"Um poder só pode ser derrubado por outro poder, e não por um princípio, e nenhum poder capaz de defrontar o dinheiro resta, a não ser este. O dinheiro só é derrubado e abolido pelo sangue. A vida é alfa e ómega, o contínuo fluxo cósmico em forma microcósmica. É o facto de factos no mundo-como-história... Na História é a vida e só a vida — qualidade rácica, o triunfo da vontade-de-poder — e não a vitória de verdades, descobertas ou dinheiro que importa. A história do mundo é o tribunal do mundo, e decidiu sempre a favor da vida mais forte, mais completa e mais confiante em si — decretou-lhe, nomeadamente, o direito de existir, sem querer saber se os seus direitos resistiriam perante um tribunal de consciência despertada. Sacrificou sempre a vontade e a justiça ao poder e à raça e lavrou sentença de morte a homens e povos para os quais a verdade valia, mais do que os feitos e a justiça, mais que a força. E assim o drama de uma alta Cultura — esse maravilhoso mundo de divindades, artes, pensamentos, batalhas e cidades — termina com o regresso dos factos prístinos do eterno sangue que é uma e a mesma coisa que o sempre-envolvente fluxo cósmico..."

Oswald Spengler
in "O Declínio do Ocidente".

sábado, 12 de dezembro de 2009

Volta a acreditar, recomeça a lutar

A Metapolítica como guerra revolucionária


"Um marxista italiano, Antonio Gramsci, foi o primeiro a compreender que o Estado não está confinado a uma estrutura política. De facto, estabeleceu que o aparelho político funciona paralelamente a uma chamada estrutura civil. Por outras palavras, cada estrutura política é reforçada por um consenso civil, o apoio psicológico das massas. Esse apoio psicológico expressa-se através de um consenso ao nível da cultura, da visão do mundo e do ethos. De forma a existir de todo, o poder político encontra-se, portanto, dependente de um poder cultural difundido no interior das massas. Com base nesta análise, Gramsci compreendeu porque razão os Marxistas não conseguiam tomar o poder em democracias burguesas: não tinham o poder cultural. Para ser preciso, é impossível derrubar uma estrutura política sem antes ter tomado o controlo do poder cultural. O parecer favorável do povo tem que ser conquistado primeiro: as suas ideias, ethos, formas de pensar, sistema de valores, arte, educação, têm que ser trabalhadas e modificadas. Apenas quando as pessoas sentem a necessidade de uma mudança como algo auto-evidente é que o poder político existente, agora separado do consenso geral, começa a desmoronar-se e a ser derrubado. A Metapolítica pode ser vista como a guerra revolucionária travada ao nível das visões do mundo, dos modos de pensar e da cultura."

Pierre Krebs
in Die Europäische Wiedergeburt, 1982.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Quarta Guerra Mundial já começou...


«(…) Nesta nova guerra, a política, enquanto motor do Estado-Nação, já não existe. Ela serve somente para gerir a economia, e os homens políticos não são mais que gestores de empresas. Os novos donos do mundo não têm necessidade de governar directamente. Os governos nacionais encarregam-se de administrar os seus negócios. A Nova Ordem Mundial, é a unificação do mundo num único mercado. Os Estados não passam de empresas com gestores a fazer de governantes e as novas alianças regionais assemelham-se mais a uma fusão comercial do que a uma federação política. (…) Esta mundialização propaga também um modelo geral de pensamento. É o american way of life, que havia seguido as tropas americanas na Europa a seguir à segunda guerra mundial, depois no Vietname, e mais recentemente no Golfo, e que se estende agora ao planeta por via dos computadores. Trata-se de uma destruição das bases materiais dos Estados-Nação, mas também de uma destruição histórica e cultural. Todas as culturas que as nações forjaram – o nobre passado indígena da América, a brilhante civilização europeia, a sábia história das nações asiáticas e a riqueza ancestral de África e Oceânia – são corroídas pelo modo de vida americano. O neoliberalismo impõe assim a destruição de nações e de grupos de nações para as fundir num único modelo. Trata-se de uma guerra planetária, a pior e mais cruel, que o neoliberalismo trava contra a humanidade. (…)»

Subcomandante Marcos
in La quatrième guerre mondiale a commencé, Le Monde Diplomatique, Agosto de 1997.

(via O Fogo da Vontade)

Não posso mudar o mundo, mas o mundo não me mudará!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Territórios conquistados


"Entre as elites, que negam as diferenças étnicas, não existe qualquer problema em abandonar amplas zonas urbanas para as maiorias de imigrantes. Nestes casos fala-se de «fractura social», quando a realidade é que se trata de uma fractura racial e etno-cultural. Os políticos invocam vagas causas económicas quando na realidade existem causas étnicas muito claras. Pior ainda: culpabilizam os «pequenos brancos» das classes populares, que se queixariam, por puro exagero, diante de «fantasmas», por evidente racismo. Seriam eles os responsáveis pela formação de «guetos». (...) Porém, na realidade, não se trata de «guetos», mas sim de territórios conquistados e de colónias. Um «gueto» é uma zona relegada a uma população que sofre um ostracismo. Hoje, em França, são as populações estrangeiras que conquistaram, pela força, os seus territórios. Falar de «guetos» é apresentar os imigrantes como vítimas, ao passo que, pelo contrário, são os actores voluntários dos seus espaços autónomos. Falar de «guetos» deixa entender que se está a falar de miséria ,de pobreza em «zonas sem lei» cada vez mais numerosas. Pelo contrário, a economia criminal, centrada na droga e na revenda de bens roubados, assim como outros recursos, legais ou fraudulentos, fazem com que estas populações tenham um nível de vida confortável, por vezes superior ao de um assalariado francês."

Guillaume Faye
in "La Colonisation de l'Europe"

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Em Nome da Pátria


Em Nome da Pátria
João José Brandão Ferreira

O modo como se processaram as últimas campanhas militares ultramarinas, entre 1954 e 1975, está longe de ser consensual na sociedade portuguesa. Bem pelo contrário, tem-na dividido profunda e transversalmente.
É por isso que, tanto tempo depois, se torna imperioso encontrar consensos baseados na correcta interpretação dos factos históricos e nas verdadeiras intenções dos principais protagonistas do momento. Só assim Portugal poderá construir equilibradamente o seu futuro, com base no que só uma síntese de ilações acertadas a este respeito pode proporcionar.
Em Nome da Pátria aborda os controversos temas da sustentabilidade das operações militares e das razões que levaram à desistência nacional de prosseguir o combate quando, aparentemente, a guerra estava ganha, e, sobretudo, da justiça e do direito do nosso país em fazer a guerra. Tudo não terá passado de uma «grande traição»?
Falamos de questões incontornáveis no panorama da história contemporânea portuguesa, aqui abordadas de um modo muito pouco ortodoxo em relação às ideias que a «história oficial» nos apresenta relativamente a este tema.

Fonte: Livros d'Hoje

Esta é a Voz da Europa!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Novo Verbo, nova Acção


"Se não existisse uma alma portuguesa, teríamos de evolucionar conforme as almas estranhas, teríamos de nos fundir nessa massa amorfa da Europa; mas a alma portuguesa existe, vem desde a origem da Nacionalidade; de mais longe ainda, da confusão de povos heterogéneos que, em tempos remotos, disputaram a posse da Ibéria. Houve um momento em que, no meio dessa confusão rumorosa e guerreira, se destacou uma voz proclamando um Povo, gritando a Alma duma Raça: foi a voz de Viriato; foi o Verbo criador que encarnou em Afonso Henriques e se tornou Acção e Vitória. Depois fez-se Verbo novamente, exaltou-se num sonho de imortalidade, e foi o Canto eterno d'Os Lusíadas! Depois, cansado das longas terras, dos longos mares, como que adormeceu num sono de tristeza, de olhos postos no Passado (...).
E por isto tudo, Portugal não morrerá; nem uma Pátria morre, no instante em que encontra o seu espírito. Portugal não morrerá, e criará a sua nova Civilização, porque vê que a sua alma é inconfundível, que encerra em si um novo sentido da Vida, um novo Canto, um novo Verbo, e, portanto, uma nova Acção."

Teixeira de Pascoaes
in A Águia, reedição Assírio e Alvim, 1988.

Dividir o saque


«Os homens são atormentados pelo pecado original dos seus instintos anti-sociais, que permanecem mais ou menos uniformes através dos tempos. A tendência para a corrupção está implantada na natureza humana desde o princípio. Alguns homens têm força suficiente para resistir a essa tendência, outros não a têm. Tem havido corrupção sob todo o sistema de governo. A corrupção sob o sistema democrático não é pior, nos casos individuais, do que a corrupção sob a autocracia. Há meramente mais, pela simples razão de que onde o governo é popular, mais gente tem oportunidade para agir corruptamente à custa do Estado do que nos países onde o governo é autocrático. Nos estados autocraticamente organizados, o espólio do governo é compartilhado entre poucos. Nos estados democráticos há muito mais pretendentes, que só podem ser satisfeitos com uma quantidade muito maior de espólio que seria necessário para satisfazer os poucos aristocratas. A experiência demonstrou que o governo democrático é geralmente muito mais dispendioso do que o governo por poucos.»

Aldous Huxley
in "Sobre a Democracia e Outros Estudos", 1927.

Desafia o Sistema

domingo, 6 de dezembro de 2009

Permanecer para criar


"Em lugar do pequeno maquiavelismo, do jogo da alta-baixa política, preferimos a irredutibilidade dos que querem permanecer na honra, iguais a si mesmos e ao que os ultrapassa, ao que foi timbre e herança do passado e que cumpre transmitir ao futuro; como depositários, guardando as sementes e, na medida total das nossas capacidades, deitando-as à terra que laborarmos.
Afirmamos ainda que esta atitude de idealismo e de pretenso "irrealismo" tem uma função vital e decisiva na construção da realidade (que não se limita a mero dado), assumindo, pois, um carácter também realista.
Não nos remetemos à condição de resignados. Não nos curvamos ao jugo e à desculpa duma condenação. Acompanhando e confirmando a declaração de outros, não julgamos ser apenas os últimos de hoje; "afrontosamente", sustentamos ser os primeiros de amanhã.
As nossas recusas provêm do irrecusável, da aceitação de responsabilidades incómodas. As nossas rejeições traduzem um modo de assumir. Dizemos não, pelo imperativo sim a que estamos ligados. Não nos movemos no indiferentismo, nem com a interesseira prudência, nem por simples negativismo, mas sim na vivência da profunda afirmação."

Goulart Nogueira

Decrescimento


O decrescimento é um conjunto de ideias apoiado por certos movimentos ecologistas, anti-produtivistas e anti-consumistas, denominados «objectores de crescimento». Rejeitam o crescimento indefinido da taxa de crescimento económico, e chegam mesmo a defender uma redução controlada. O termo é por vezes acompanhado por adjectivos («decrescimento sustentável» ou «decrescimento suportável»).

Os objectores de crescimento, apelidados de «decrescentes» pela imprensa, opõem-se aos defensores do «desenvolvimento sustentável», acusando-os de não colocar em causa o ideal do crescimento. Os partidários do decrescimento contestam com efeito um desenvolvimento económico infinito: segundo eles, a taxa de produção e de consumo não pode crescer indefinidamente nem ser mantida aos níveis actuais, na medida em que a criação de riqueza medida por indicadores económicos como o PIB corresponde a uma destrução de um capital natural esgotável.

Os objectores de crescimento propõem no plano individual a prática dos princípios da «simplicidade voluntária» e, no plano global, uma «relocalização» das actividades económicas a fim de reduzir a pegada ecológica e os gastos energéticos.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Boia chi molla!



Mishima vive!


«A prosperidade económica transformou os japoneses em comerciantes e o espírito dos samurais extinguiu-se por completo. Agora considera-se antiquado arriscar a vida para defender um ideal. Os ideiais converteram-se numa espécie de amuletos adequados unicamente para proteger a vida dos perigos que a espreitam. Apenas quando os estudantes, erradamente considerados os tranquilos continuadores da obra dos Mestres, enfrentaram os intelectuais com uma violência aterradora é que estes se deram conta (tarde demais) de que para defender as próprias ideias é necessário estar disposto a sacrificar a vida.»

Yukio Mishima
in Tate no Kai, 1968.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Conservar tudo o que é são e vigoroso


«O fascismo é fundado em mitos mobilizadores que nada têm de comum com uma ideologia de tipo marxista que desenvolve uma utopia de total transformação e tábua rasa. Mussolini deseja, pelo contrário, conservar tudo o que é são e vigoroso. A sua ambição não é mudar a natureza humana. O que quer é quebrar o quadro filosófico, político e social do individualismo burguês, mas para restaurar uma vida individual e colectiva mais autêntica. Põe em prática uma doutrina do Estado ao mesmo tempo moderna e clássica no sentido que a palavra tem em Maquiavel. Pretende apenas que o Estado seja imbuído dos valores fascistas (valores morais de heroísmo), mas não quer submetê-lo ao Partido (PNF). Pelo contrário! Imporá sempre a submissão do Partido ao Estado, situando-se a si próprio no ponto de equilíbrio entre essas duas forças opostas.»

Dominique Venner
in "O Século de 1914. Utopias, Guerras e Revoluções na Europa do Século XX", Civilização Editora (2009).

A vida é a derradeira obra de arte

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

1 de Dezembro de 1640


"No dia 1 de Dezembro de 1640, numerosos fidalgos armados acorrem ao paço habitado pela Duquesa de Mântua, vice-rainha de Portugal. Penetram no Palácio, vencem as resistências e executam Miguel de Vasconcelos, traidor à Pátria, hediondo símbolo do domínio dos Áustrias. O velho D. Miguel de Almeida assoma a uma varanda e anuncia ao Povo a libertação do Reino. Forma-se imediatamente uma grande multidão que aclama El-Rei D. João IV.
Esta Revolução, preparada havia meses, deve-se essencialmente à coragem, à dedicação e ao entusiasmo viril de um punhado de conjurados, jovens fidalgos reunidos em volta de D. Antão de Almada. Foi no Palácio dos condes de Almada, hoje sede do Comissariado Nacional da Mocidade Portuguesa, que se realizaram as reuniões secretas dos Restauradores. É digno e justo apontar às novas gerações o nobre exemplo que esta data encerra. Não devemos esquecer que a acção firme e consciente de uma pequena élite pode salvar uma situação considerada desesperada.
Quando certos princípios estão em perigo, quando a Justiça e o Direito são ultrajados, a inacção chama-se complacência culpável, e a renúncia chama-se cobardia. Mas isso não se dirá de nós. No momento em que a Pátria sofre mutilações e feridas no seu corpo, não podemos tolerar que seja também atacada no seu espírito. A juventude que salvou Portugal em 1640 tem de ser o exemplo da juventude actual para vencermos e aniquilarmos a traição."

Luís Fernandes
in «Agora», n.º 289, 17.12.1966.

Império, Nação, Revolução


Império, Nação, Revolução
As Direitas Radicais Portuguesas no Fim do Estado Novo (1959-1974)

Riccardo Marchi

Riccardo Marchi, neste excelente livro, conta-nos a história política e cultural deste segmento político e cultural, pequeno mas decisivo nos confrontos ideológicos da fase final do Estado Novo. Destes «vencidos» que - e cito as suas palavras finais - não estavam «dispostos a sacrificar, com a agonia do regime, o eixo central do seu próprio imaginário colectivo: o Império, espírito e forma do “Portugal Eterno”.»

Fonte: Wook