sexta-feira, 16 de maio de 2008

Heroísmo

"Como muito bem notou Alain Besançon, o nazismo e o comunismo propuseram «ideais elevados» próprios para «suscitar a devoção entusiasta e actos heróicos». Um e outro seduziram igualmente grandes nomes e intelectuais de alto nível. Um e outro suscitaram actos desinteressados e apelaram ao sacrifício em proporções raramente vistas. O povo alemão apoiou o seu Führer até ao final, apesar das ruínas e dos mortos, enquanto o poder soviético, no momento do seu afundamento, tinha dissipado todo o seu crédito junto da sua população. Mas o comunismo também representou uma imensa esperança para milhões de homens e mulheres. Inspirou lutas que eram frequentemente justas e necessárias. Dizer, como Jean-Jaques Becker, que «o nazismo ou o fascismo nunca provocaram o mesmo élan» que o comunismo, é esquecer que existiram 368.000 voluntários nas Waffen-SS e, somente, 35.000 nas Brigadas Internacionais.
(...) Que um mesmo sistema possa ser, em simultâneo, criminoso e capaz de inspirar condutas admiráveis só pode chocar os ingénuos ou os espíritos partidários, quer estes deduzam (sem razão) que um tal sistema não era tão criminoso, quer concluam (igualmente sem razão) que estas condutas não eram assim tão admiráveis. Que os partidários de um sistema totalitário tenham tido uma conduta heróica não torna melhor a causa que eles defenderam, mas inversamente, a natureza desta causa não retira nada ao seu heroísmo."

Alain de Benoist
in "Comunismo e Nazismo: 25 reflexões sobre o totalitarismo no século XX (1917-1989)", Hugin Editores (1999)

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