quinta-feira, 19 de junho de 2008

Amadeo de Souza-Cardoso

Amadeo de Souza-Cardoso nasce a 14 de Novembro de 1887 em Manhufe, próximo de Amarante, e morre em Espinho, vítima de “pneumónica”, ou gripe espanhola, a 25 de Outubro de 1918.
Em 1906, parte para Paris com Francis Smith e instala-se no Boulevard de Montparnasse. Estuda Arquitectura, frequentando os ateliês de Godefroy e de Freynet, mas acaba por desistir do curso, por estar mais interessado em desenvolver uma actividade de desenhador e caricaturista, permanecendo atento ao movimento artístico parisiense.
O seu ateliê, na Cité Falguière, torna-se um dos principais centros de reunião dos artistas portugueses então residentes nesta cidade, onde se encontram para tertúlias e boémias.
A partir de 1910, desenvolve uma sólida amizade com Amadeo Modigliani (com quem expõe no seu ateliê, em 1911) e relaciona-se com Juan Gris, Max Jacob, Sonia e Robert Delaunay, Otto Freundlich, Brancusi, Archipenko, entre outros. Destes contactos, Amadeo retém a informação teórica fundamental para o desenvolvimento da sua investigação plástica. A sua obra, marcada pela constante pesquisa e reformulação de conceitos e práticas pictóricas, atravessou quase todos os movimentos estéticos relacionados com a ruptura da arte convencional. Do Cubismo à arte abstracta, passando pelo Expressionismo e Futurismo, Amadeo experimenta e ensaia modalidades pessoais de entendimento destas correntes.

Amadeo foi o único artista português da sua geração a ter um currículo internacional significativo, sabendo retirar destes contactos o essencial para um diálogo com as rupturas artísticas do seu tempo.

Surpreendido pela guerra, Amadeo regressa a Portugal no ano seguinte. Entre 1915 e 1916, convive com o casal Delaunay, então instalado em Vila do Conde. Alguns encontros em Lisboa, com Almada Negreiros e o grupo do Orpheu, estabeleceram ainda rituais de cumplicidade entre as artes e as letras, integrados no movimento futurista. Almada Negreiros apresenta-o como “a primeira Descoberta de Portugal na Europa do século xx”.
Em 1916, Amadeo publica o álbum 12 Reprodutions e, em 1917, reproduz três obras na revista Portugal Futurista, enquanto Almada lhe dedica o livro K4 Quadrado Azul.

Precocemente desaparecido, Amadeo, em escassos anos de trabalho, entre Paris e Manhufe, desenvolveu a mais séria possibilidade de arte moderna em Portugal.

1 comentário:

Anónimo disse...

É preciso que surja um novo tipo de arte que possa agradar aos nacionalistas e que recuse a arte de génese marxista e procure algo verdadeiramente idealista.