Entrevista do blogue ONG a Philippe Vardon
ONG: Bom dia, pode apresentar-se para os que não o conhecem?
PV: Tenho 28 anos, dois quais 14 foram passados no "movimento patriótico", no sentido geral do termo. Cresci numa cidade e rapidamente me senti estrangeiro na minha própria terra. Recusando assimilar-me à fauna suburbana, voltei-me para os bandos de rebeldes brancos que existiam durante os anos 90. Os blusões bomber tinham substituído os blusões negros de pele e encontrei o que então procurava: o clã, a força, a afirmação de si. Devido ao contacto com certas pessoas e também através de um verdadeiro percurso pessoal, essa reacção epidérmica (no sentido figurado como no próprio) tornou-se uma real consciência política. Formei-me então na escola doutrinal e militante do activismo nacionalista-revolucionário, em particular no âmbito estudantil, onde assumi as minhas primeiras responsabilidades reais. Paralelamente, efectuei também o que se pode chamar de reconquista interior, reencontrando as minhas raízes, o que politicamente se traduziu no desenvolvimento de um forte sentimento autonomista e regionalista. Em 2002, participei na fundação das Jeunesses Identitaires e tornei-me o primeiro porta-voz. Ocupei o cargo durante cinco anos, ao fim dos quais cedi o lugar para me consagrar plenamente ao combate identitário no Pays Niçois. Dirijo agora o movimento Nissa Rebela e concorri com a nossa lista às eleições municipais de Nice, onde conseguimos 3,1%, cerca de 5000 votos.
Desde 1998, sou também o vocalista do grupo Fraction. O que ao mesmo tempo é um prazer e um acto militante. A meu ver, a formação de uma contra-cultura alternativa deve ser uma preocupação de cada momento.
No plano profissional, sou actualmente comerciante, o que não corresponde tanto ao meu curso universitário (Direito e Ciências Políticas), mas assegura-me uma independência preciosa. Os meus estudos conduzir-me-iam a trabalhar numa autarquia ou para um deputado e compreende que isso é dificilmente negociável.
ONG: De onde vem o seu gosto pela Ásia? Já fez alguma viagem?
PV: É uma herança familiar em primeiro grau. O meu pai ensinou karaté e desde há vinte anos que passa quase metade do ano na Tailândia. Há seis anos que vesti pela primeira vez um dogi (e não um kimono, as artes marciais não se praticam de pijama, que é a tradução mais próxima de kimono...), e desde aí, a Ásia - em primeiro lugar através das artes marciais e depois pela cultura - colou-se à minha pele, e mesmo a prática de rugby na minha adolescência não me afastou.
Visitei a Tailândia há quatro anos e espero voltar no próximo ano. É um país excepcional em todos os sentidos e seja qual for a razão que nos leve lá, acabamos por encontrar o que procuramos.
ONG: Apoia acções em solidariedade com lutas identitárias asiáticas, como a causa Tibetana ou o caso dos Karen?
PV: Com efeito, no passado dei a minha mão várias vezes a associações de defesa do Tibete e participei em diversas acções de sensibilização. Por exemplo, estive na organização de um concerto do grupo Tryo para uma marcha pelo Tibete a realizar em Nice. No que diz respeito aos Karens, fui sensibilizado para o seu combate por intermédio do meu pai. Isto talvez seja surpreendente na minha órbita política, já que muitos nacionalistas franceses prestaram fisicamente o seu apoio junto dos Karen durante as décadas de 80 e 90.
Devo confessar que hoje em dia marco uma distância para com os idiotas recentemente convertidos à luta pelo Tibete livre. Já faz um ano que não uso a minha t-shirt "Free Tibet" com receio de ser confundido com um pró-tibetano da moda. Fui há dois meses a uma concentração pelo Tibete e vi apenas imbecis fingindo-se de budistas, disfarçados de tibetanos como se estivessem no Carnaval. Como se houvesse necessidade de alguém se travestir para apoiar um povo, como se fosse preciso esquecer a nossa identidade para defender os outros. Finalmente, encontravam-se lá os mesmos idiotas que se manifestam contra Bush, contra a guerra no Iraque, e na semana seguinte ou anterior contra os sérvios ou contra a Frente Nacional. Nem constância nem coerência.
Deste modo, mantenho-me amigo do Tibete, mas actualmente puramente num plano pessoal.
ONG: "A mestiçagem é uma estupidez enquanto programa político (...). A mestiçagem é um assunto sentimental". Que pensa desta frase?
PV: Que decididamente Tai Luc tem sempre a boa palavra! Mas que não se pode ter exactamente o mesmo julgamento quando se é um cantor ou quando se é um responsável político.
A mestiçagem na esfera totalmente privada, ou seja como encontro entre duas pessoas, é uma coisa. Não se vai dizer que não importa: somos um povo de marinheiros, de colonos, de aventureiros e a mestiçagem sempre existiu. Mas restringia-se a uma margem ínfima, era claramente um comportamento marginal!
Actualmente somos confrontados com um fenómeno de massas, e como diz justamente o cantor Tai Luc, é um programa, uma ideologia, um modelo de sociedade. Em última análise, chegar-se-ia a um ponto em que o comportamento marginal são as uniões no seio de um mesmo povo. Assiste-se, como em tantos domínios, a uma verdadeira inversão das normas. A mestiçagem generalizada é o fim da diversidade do mundo (é por isso que os apoiantes da mestiçagem são de facto os piores racistas, querendo apagar qualquer diferença!), é o mundo cinzento, a lógica globalizante no seu apogeu. Pelo contrário, enquanto identitários nós somos defensores da diversidade e da identidade, dos sabores e das cores. Ser amigo dos povos, actualmente, é opor-se claramente à mestiçagem generalizada.
Não cabe a mim julgar a união de duas pessoas mas simplesmente de transmitir um olhar lúcido sobre a nossa sociedade. Cada um segue a sua consciência e os seus sentimentos, mas quem hoje decide lançar-se numa união inter-étnica (os famosos "casais mistos" adorados pela imprensa) deve ter a ideia que participa - quer queira quer não - num fenómeno global.
Para terminar, não penso que a mestiçagem seja uma oportunidade, em primeiro lugar para os próprios mestiços. A ideia de dupla cultura parece-me continuar uma lenda, ou pelo menos uma excepção, e os mestiços num momento ou outro fazem sempre uma escolha entre duas heranças. Por exemplo, não vemos Yannick Noah reivindicar fortemente a sua identidade europeia. No caso inverso, jovens mestiços (asiáticos entre outros) muitas vezes se aproximaram da militância "à direita".
ONG: O que pensa do slogan: 0% Racismo 100% Identidade?
PV: Esse slogan parece-me muito acertado, e justificado para marcar a nossa diferença com comportamentos débeis e debilitantes.
No entanto, não deve servir para mascarar uma aceitação unicamente culturalista da identidade, querendo omitir (frequentemente por conforto) o factor étnico que é também constitutivo da identidade.
ONG: O Bushido, a Arte da Guerra, as artes marciais, tudo isso deve fazer parte dos conhecimentos de um militante?
PV: Penso em todo o caso que conduzem a conhecimentos preciosos, e primeiro que tudo ao conhecimento de si próprio.
É certo que "A Arte da Guerra" deve fazer parte da biblioteca de qualquer militante, ao lado do "Príncipe" de Maquiavel.
O Bushido não é para mim nem mais nem menos que um código de cavaleiro, e é evidente que quando nos propomos encarnar certos valores, não podemos afastar-nos dessa via. Um militante identitário que não tente fazer suas as sete virtudes do Bushido (rectidão, coragem, benevolência, cortesia, sinceridade, honra, fidelidade) - contando que o Homem não é perfeito mas sim preferível - não seria a meu ver um militante completo. A primeira versão do sítio internet das Jeunesses Identitaires tinha entre os textos de formação um artigo sobre o Bushido.
No que diz respeito às artes marciais, não sei se devem fazer parte dos conhecimentos de um militante (sendo verdade que podem servir de grande socorro, em muitas circunstâncias e não apenas nas mais evidentes) mas fazem parte da minha vida. Vocês fazem bem em falar de artes marciais e não em desportos de combate, porque apesar de algumas incursões em diferentes técnicas continuo ligado ao karaté (da escola Kyokushinkai de Mas Oyama, um "karaté-contacto" cujas competições terminam com KO). O espírito tradicional e o rigor japonês fazem parte do quadro. Adoro a atmosfera do dojo e a partir do momento em que aperto a cintura do doji, isolo-me do exterior por algumas horas.
ONG: Quais os seus projectos futuros?
PV: Primeiro que tudo, continuo a trabalhar no enraizamento local dos identitários, nomeadamente na preparação das eleições regionais. Há um projecto de novo álbum, sobre o qual começámos a trabalhar com os Fraction, nomeadamente uma faixa consagrada ao boxe thaï. E, por fim, continuar a desenvolver a minha actividade comercial para assegurar a minha independência financeira e consequentemente a minha liberdade política.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Entrevista com Philippe Vardon
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5 comentários:
Portanto, o Inconformista esforça-se por ser um clone da Novopress? Uma versão sionista light talvez?
Hard work to translate everything ! Congratulation !
ONG Webmastre
Então Flávio, estás a comparar o Inconformista.info com o Novopress?
Achas que tem alguma comparação? x)
Um copy pasteia conteúdos identitários e reaccionários bafientos (vulgo de Direita), vocês pelo menos escrevem e traduzem material original.
Fora isso... identitário por identitário... mais valia lá terem ficado. Se bem que pelo menos aqui não se fazem apologias a Israel nem se pratica a islamofobia militante (por agora).
De certo modo até que me agrada que uma secção do movimento nacionalista tenha abandonado a hipocrisia do "além da esquerda e da direita" e o blá blá de que o nacionalismo não pertence a essa dicotomia e se assuma como Direita, aliás a identificação com a Direita é cada vez maior, olhe-se para o MPP, CI ou mesmo PNR... uma regressão imensa a provar que o nacionalismo, em Portugal, não é alternativa a levar a sério.
Só o nacionalismo de esquerda...claro.
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