sexta-feira, 25 de julho de 2008

A Sociedade do Espectáculo e a Sociedade do Jogo

A Sociedade do Espectáculo, denunciada em 1967 por Guy Debord como uma sociedade de alienação, não fundada exclusivamente sobre a exploração económica, mas também sobre a ditadura permanente das imagens e dos objectos e sobre a multiplicação de experiências simuladas pela indústria da distracção; sofisticou-se consideravelmente. Não unicamente pela exposição da esfera audiovisual e da Internet, mas também porque esta sociedade do espectáculo, para captar a atenção do público, centrou-se no espectáculo do Jogo. O jogo – simulacro da guerra – foi, desde sempre, um comportamento com uma forte descarga fisiológica, que permite ao “Dono do Jogo” controlar os actores e os espectadores. Em Roma, os jogos do circo foram um meio político para apagar as tensões sociais. Assim, assistimos a um crescimento considerável da influência do Jogo: desportos-espectáculo transmitidos em todo o planeta, explosão dos jogos de computador e, em pouco tempo, dos jogos virtuais (cúmulo do simulacro!), multiplicação dos produtos propostos pela “Française des Jeux” e dos “parques de atracções”, etc. Mas, o jogo é, por definição, o domínio do vazio. Não tem nenhum sentido. Uma pechincha para o sistema: “paguem e joguem, paguem e vejam jogar”. Não é por acaso que os estados ocidentais continuam esta Sociedade do Jogo, como fez a Roma decadente da Antiguidade, mas somando a potência do impacto do audiovisual e da informática. Os CD-Rom de jogos, que inundam as classes jovens, excluem as actividades “perigosas”: ler e pensar. O jogo mata estes vírus insuportáveis chamados ideias.

Mas a estratégia parece estar condenada ao fracasso. É a mesma do Big Brother orwelliano de 1984, ou do filme Farenheit 451, em versão soft, evidentemente. Uma sociedade não pode sobreviver muito tempo sem legitimação positiva. Desviar a atenção e infantilizar… Esta estratégia indigente e imbecil apenas pode funcionar por pouco tempo. “Vai jogar e deixa o teu pai em paz”. Privada de verdadeiros discursos e de resultados práticos para resolver os problemas cada vez mais graves, sem objectivos mobilizadores, a ideologia hegemónica não poderá, a longo prazo, sobreviver sobre o vazio e a negatividade, sobre a cultura do insignificante e da entertainment industry.

Guillaume Faye
in “ L'Archéofuturisme” (1998).

1 comentário:

Réquila disse...

Novidade das Edições Réquila: "A Genealogia do Pensamento Nacionalista" de Fernando Campos.

edicoesrequila.blogspot.com