sábado, 8 de novembro de 2008

Grupo Vector em entrevista

O portal No-Media.info, um projecto independente de informação livre, publicou no seu sítio uma entrevista com o Grupo Vector, que em seguida reproduzimos.

Lendo a apresentação no vosso blogue oficial agradou-nos o carácter local do projecto, é muito específico o objectivo: o activismo no seio de um estabelecimento académico. Acreditam que deste modo se poderão evitar os habituais sectarismos da área nacional, mantendo a porta aberta a todos os estudantes nacionalistas, não importa a organização em que militem fora dos muros da escola?
O Grupo Vector é um grupo autónomo de nacionalistas do Instituto Superior Técnico. Quer isto dizer que somos estudantes nacionalistas independentes de qualquer organização. Alguns de nós nem sequer estão ligados a grupos no exterior do instituto. Num ambiente universitário cada vez mais uniformizado, formatado e resignado, une-nos o sentimento nacionalista e o inconformismo de quem quer ter uma palavra a dizer no rumo da vida universitária.

A ideia de criação do GV surge originalmente de um grupo de estudantes do técnico, para contrapor as ‘jotas’ que não ocultam a sua influência na vida associativa juvenil das faculdades, ou inspirados por iniciativas semelhantes no estrangeiro (CUIB e Blocco Studentesco)?
Ao contrário de outros grupos, não somos o braço estudantil de um partido político. Por outro lado, não somos uma secção de um movimento internacional. A nós interessa-nos acima de tudo o instituto e os interesses dos estudantes. De uma perspectiva global, é óbvio que temos relações com grupos universitários nacionalistas de outros países da Europa, já que no fundo, com o processo de Bolonha e a crescente uniformização e privatização do Ensino Universitário europeu, estamos todos na mesma luta.

Quais os problemas mais flagrantes do dia a dia de um estudante académico? Politicamente, notam algum policiamento externo ou destaca-se principalmente a autocensura exercida pelos vossos próprios colegas?
O IST é uma faculdade com cerca de dez mil alunos e é uma das mais conceituadas instituições universitárias portuguesas. No dia-a-dia, os problemas que mais nos afligem são a insegurança nas imediações da faculdade e o crescente controlo dos estudantes dentro do campus (através da instalação de câmaras de vigilância, de “diligentes” seguranças e de certas restrições). Entretanto, a adaptação ao processo de Bolonha e as tentativas de privatização do IST (há muito que se fala em converter o instituto numa fundação privada) também são algo que nos preocupa.
Politicamente, o Grupo Vector quer ser claro sem deixar de suscitar a dúvida, quer estar presente sem deixar de parecer invisível. Dessa forma, podemos contornar o policiamento externo e a incompreensão de alguns colegas.

Tendo em conta as diversas notícias vindas a público, consideram recuperável o bom nome do nacionalismo em Portugal?
Consideramos a universidade o nosso campo de acção e, por isso, essa pergunta extravasa um pouco o nosso âmbito. Não fazemos depender a nossa motivação da popularidade das nossas convicções. Já o escritor francês Drieu la Rochelle dizia que “verdade não precisa de muitos amigos e, mesmo quando vencida, não deixa de ter razão”.

Julgam que o mau nome do nacionalismo se deve mais à parcialidade da comunicação social, à falta de formação dos jovens nacionalistas ou até às duas causas?
Se é verdade que a imprensa manifesta uma posição muito hostil e até sensacionalista em relação a tudo o que tenha a ver com nacionalismo, verificam-se por vezes episódios infelizes que poderiam ser facilmente evitados. No entanto, esta é uma questão que extravasa completamente a nossa acção.

Embora agradados pela inovação do projecto, ficamos apreensivos no que diz respeito ao símbolo adoptado, adoptar a cruz céltica foi uma ponderação estratégica de choque? Não consideram que o símbolo, por si só, poderá afastar pessoas que à partida poderiam simpatizar com as vossas ideias?
As pessoas que simpatizem com as nossas ideias não vão afastar-se de nós por causa de um símbolo. Da mesma forma, as pessoas que não simpatizam com as nossas ideias, não vão gostar mais do Grupo Vector pela ausência desse símbolo. A cruz céltica, usada pelo Grupo Vector num cartaz de divulgação, é um símbolo ancestral ligado às raízes imemoriais do povo português, usado por diversas organizações universitárias nacionalistas europeias. Além disso, tem um forte impacto visual.

Já ponderaram a criação de um boletim, ou folha, de opinião nacionalista acerca da vida no técnico?
Desde a sua criação, a acção do Grupo Vector tem sido encarada de uma forma sustentada. Lançado por um grupo restrito de estudantes, o projecto tem atraído progressivamente a atenção e o interesse de mais pessoas, dentro e fora do instituto. Apesar de todas as condicionantes, ao longo da sua existência o Grupo Vector esteve mais ou menos discretamente em diversas frentes na defesa dos alunos. Além disso, podemos dizer que temos várias iniciativas planeadas para os próximos tempos. E embora a criação de um boletim figure entre os nossos objectivos, não é de momento uma prioridade.

Têm ponderado a possibilidade de criação de núcleos noutros estabelecimentos académicos?
O Grupo Vector, quer pelo seu nome como pelos seus objectivos, só tem sentido dentro do Instituto Superior Técnico. No entanto, não descartamos a colaboração com outros projectos estudantis.

Recentemente ocorreram manifestações conjuntas de organizações juvenis nacionalistas com organizações estudantis de esquerda em Roma, esse tipo de união na acção contaria com a participação do GV se ocorresse em Portugal?
Não temos qualquer preconceito com outras organizações estudantis, até porque partilhamos certos objectivos e reivindicações. Na verdade, o Grupo Vector já esteve presente, mais do que uma vez, em iniciativas promovidas por outras organizações estudantis. No entanto, não acreditamos em uniões impossíveis. É sabido o resultado das manifestações conjuntas em Itália: os estudantes nacionalistas acabaram por sofrer uma carga violentíssima organizada por elementos de extrema-esquerda, com consequências ainda por conhecer.

Para finalizar, veremos um dia o GV na AE do IST? Caso queiram acrescentar algo…
Quem sabe se o Grupo Vector não se encontra já dentro da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico…
De resto, queremos agradecer por esta oportunidade e desejar boa sorte ao projecto No-Media na sua luta pela informação livre e independente.

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