«Empregamos esta palavra como significando Herança.
Os rubros glóbulos sanguíneos trazem, dentro da sua microscópica esfera, antigos espectros que ressurgem e vão definindo o carácter dos indivíduos e dos Povos.
Gritam no sangue velhas tragédicas, murmuram velhos sonhos, velhos diálogos com Deus e com a terra, esperanças, desilusões, terrores, heroísmos, que desenham, em tintas vivas, o cenário e a acção das nossas almas.
O sangue é a memória, presença de fantasmas, que nos dominam e dirigem.
À voz do sange responde a voz da terra; e este diálogo misterioso mostra os caracteres da nossa íntima fisionomia portuguesa.»
Teixeira de Pascoaes
in «Arte de Ser Português», Assírio & Alvim (2007).
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
O Sangue
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Teixeira de Pascoaes
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