«Ainda há pouco, há poucochinho, nós, portugueses, éramos um império dilatado a todo o mundo, e já hoje por hoje não somos senão uma courela exiguamente entaipada na Península, um grotesco retalho de Europa de lilliputianas proporções, um pobre lameiro irrelevante, um rematadito bairro‑da‑lata... Encolhemos. Encolheram‑nos! E da nossa vocação nacional‑universalista não há mais que falar. Ou ainda há, talvez, mas só naquela mesma medida em que certa personagem de Agustina colocava a questão, quando "dizia que a África haveria de conter o fantasma do português em tudo o que o substituísse".
Àparte isso, a única alternativa em aberto, que nos sobra por agora, consistirá em nos glosarmos e em nos repetirmos historicamente passo por passo ‑ fundando‑nos de novo como Nação vocacionada e soberana, e erigindo‑nos novamente como Povo às culminâncias do que nos está cometido empreender ainda.
Trata‑se de principiarmos outra vez a ser coisa que se veja, e de recomeçar tudo, em segunda edição. Se necessário, a partir dos Hermínios...
Responder à afundação da nacionalidade mediante uma segunda fundação da mesma; e, com alguns tantos fundadores, tratar de replicar à desalmada horda dos afundadores!
Recapitulando e concluindo. De agora em diante, há que rapar virilmente da caneta e de uma folha em branco, e começar a escrever tudo de novo ‑ tendo sempre bem presente que a nossa acção há‑de ser ditada por desígnios eminentemente fundacionais, sob pena de nada valer de nada.»
Rodrigo Emílio
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Recomeçar tudo
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