quinta-feira, 21 de maio de 2009

A Linguagem Proibida

«O discurso do Ocidente está intimidado porque depois da derrota da Alemanha nacional-socialista houve todo um vocabulário que foi proibido, por parte dos vencedores, e porque, por causa disso, a sua utilização culpabiliza. Ora, este vocabulário nunca foi mais do que um revestimento. Nem culpado, nem inocente. Um revestimento, nada mais (como é a própria palavra democracia, porque o conteúdo não é o mesmo em Praga ou em Paris). Assistimos então a isto: Esse vocabulário aterrorizado e maldito deixou de ser utilizado, mas as contorções às quais nos sujeitamos para o eliminar do nosso discurso, através de traduções afrouxadas deixam as suas consequências, porque acabamos por pensar de forma não menos frouxa. E o revestimento apodrece o conteúdo (…). O resultado é claro: tornamo-nos as "princesas" aterrorizadas e sodomizadas da linguagem, e, consequentemente, da acção.»

Jean Cau
in "Réflexions dures sur une époque molle", Les Éditions de La Table Ronde, p.63-64

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