quinta-feira, 5 de junho de 2008

Entrevista com Sköll

O último álbum de Skoll acaba de sair sub a chancela da Rupe Tarpea e intitula-se “Il Segreto di Lacedemone” (O Segredo de Esparta).

Qual é o segredo que esconde o título deste novo álbum?
Skoll: O segredo de Lacedemone é revelado no livrete do CD. Reproduzi um texto citado do trabalho de Pressfield sobre a sociedade espartana: “Portas de Fogo”. Este segredo, que fazia Esparta uma sociedade e força militar excepcional era um sentido da pertença, a identidade, de camaradagem e espiritualidade. O facto de ter escolhido como tema este enigma espartano não se encontra apenas no livrete e no título do álbum mas também na maneira de abordar a música. Os textos, em especial, foram escritos de modo a que o segredo se revele apenas após uma interpretação completa e atenta do disco e não somente após uma leitura dos textos.

Quais são os temas abordados no disco, quais foram as tuas fontes de inspiração e o conceito musical?
Skoll: A ideia inicial era não fazer um álbum-conceito como “Sole e Acciaio” mas um disco mais variado, que passa de um tema a outro sem, no entanto, privar-se de um fio condutor: o título do álbum e o texto no livrete são apenas estéticos. O disco é focalizado essencialmente sobre a figura do combatente: desde os revoltosos de Fiume passando pelos combatentes irlandeses, o meu avô que fez a campanha em África até a El-Alamein ou Guy Fawkes que, no século XVII, tentou que fazer explodir o parlamento britânico e organizou “a conspiração dos pobres”.

Tem sido um bom período para a tua produção musical. A 25 de Abril, editaste o mini CD “Ecclisse” com excelentes faixas como “nave dei sogni infranti”, “Tra pace e guerra” e sobretudo “La Bellezza”. Se bem recordo, trabalhas também num álbum acústico. Além disso, ainda tiveste tempo para tocar em França, Bélgica, Alemanha e certamente em Itália. Queres falar-nos destas iniciativas e dos teus próximos projectos?
Skoll: O meu recente trabalho acústico está em parte fundido neste novo álbum. Num futuro próximo, vou dedicar-me a dar a conhecer este álbum. É um longo trabalho, mas creio que vale a pena. Em relação à frente dos concertos, acabo de reunir um grupo, estamos cheios de trabalho.

Ouvindo alguns extractos “Il Segreto di Lacedemone”, temos a impressão que a trama musical é muito mais delicada que a do último álbum “em Sole e Acciaio”.
Skoll: O estudo dos arranjos constituiu o núcleo do trabalho do álbum. Deste ponto de vista, é um disco original. Quis retirar certos sons electrónicos para fazer um CD mais natural, mais acústico (sem bateria, sem distorção de guitarra). A grande novidade é a utilização de uma orquestra sinfónica que toca essencialmente para bandas sonoras de filmes. O resultado, ao ouvir o CD, é pensar mais em Morricone que num álbum de música alternativa.

Abordando os detalhes, não podemos deixar de observar o magnífico trabalho gráfico da capa: um tigre na água, o contraste entre a agressividade e as cores do pastel.
Skoll: Queria uma capa clara, ligeira e minimalista. A ideia do tigre branco veio de uma imagem publicada pelo Novopress. Contactei-os e transmitiram-me as informações sobre estes tigres. Transmiti a ideia à produção Rupe Tarpea. Devo dizer que, de todos os álbuns, é esteticamente o que prefiro.

Abriste recentemente um Myspace (http://www.myspace.com/myskoll), que se deve certamente ao fenómeno Rádio Bandiera Nera, que não pára de crescer. Qual é a tua opinião acerca da tecnologia (utilizaste-a abundantemente na tua música) e da Internet enquanto meio de propagar as nossas ideias e a nossa cultura?
Skoll: Sou um grande promotor da tecnologia. A nível mediático, a Internet permitiu à nossa cena sair do seu gueto e crescer. Só por isso deveríamos estar gratos pelo que diz respeito às novas tecnologias. No plano musical, as coisas não mudaram tanto quanto isso: uma utilização inteligente da tecnologia permite produzir coisas com grande qualidade em menos de tempos e com menores custos.

Federico, terminamos esta entrevista perguntando-te o que pensas da cena política e musical italiana. Obrigado ainda por esta entrevista e boa sorte para este grande álbum.
Skoll: Parece-me que a cena musical é muito viva. Em Itália há numerosas novidades, dezenas de concertos e a cena alternativa conta com cada vez mais grupos. O público permanece estável e constitui uma base sólida, sobretudo em comparação com a crise que agita desde há 10 anos a cena musical comercial. Politicamente, em contrapartida, constata-se uma grande confusão e uma fragmentação geral. Mas pelo menos, as coisas vão mexendo e nada nos diz que brevemente o vento não sopra na nossa direcção.

Fonte: ID Magazine
http://id.novopress.info/

1 comentário:

Flávio Gonçalves disse...

Excelente músico, pese a filiação ideológica há que lhe dar o crédito merecido da excelência das suas composições.