Jornalista, ficcionista, cronista, político, António Ferro foi, com apenas 20 anos, o editor da revista Orpheu. Ligado aos elementos do primeiro modernismo, António Ferro, por alguns dos textos então publicados, apresenta-se como um dos mais eloquentes e estridentes porta-vozes daquele movimento artístico. Não tendo completado o curso de Direito, que trocou pelas letras e pelo jornalismo, o autor de Leviana teve uma existência movimentada. Esteve muito novo ainda, dois anos em Angola, de que regressou em 1919, para voltar ao jornalismo: O Jornal, O Século, Diário de Lisboa e Diário de Notícias. Como jornalista sai da paróquia nacional e entrevista figuras de alto gabarito internacional: D'Annunzio, Pio XI, Mussolini, Clémenceau, Maurras, Afonso XIII, Primo de Rivera, Poincaré, etc. Jornalista de forte personalidade e de grande vivacidade como prosador, António Ferro publica no Diário de Notícias, em 1932, as hoje célebres cinco entrevistas com Salazar, que rendido ao seu talento lhe confia, no ano seguinte, a criação do Secretariado da Propaganda Nacional. Nesse cargo, António Ferro tentará definir e impor uma "política do espírito", que buscava, por um lado, recuperar como fonte viva o folclore português e, por outro, fazer de algum modo uma pedagogia do moderno em arte. Olhado com suspeição por quase toda a intelectualidade portuguesa de oposição e com desconfiança por uma direita que lhe temia as ousadias, António Ferro teve de abandonar, em 1950, o Secretariado Nacional da Informação (nome que passara a ter, em 1944 o Secretariado da Propaganda Nacional) pelo posto de ministro plenipotenciário em Berna. Em 1954 vai para o Quirinal, também como ministro, sendo o posto, em 1955, elevado à categoria de embaixada. Foi casado com a poetisa Fernanda de Castro e era pai do escritor António Quadros (1923-1993), que organizou a antologia António Ferro (1963).
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
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