«O desenvolvimento dos meios de comunicação e a planetarização do sistema civilizacional dominante fez aparecer mais um perigo: a homogeneidade. O homem vai-se uniformizando através de um processo de vulgarização, que elimina as diferenças, as características locais e pessoais, para dar lugar ao homem médio em todas as partes do mundo.
A causa principal desta involução é a uniformização das pressões selectivas em todos os espaços humanos. Com o progresso da tecnologia e o avanço da moderna frente cultural, os mecanismos de selecção natural foram eliminados em benefício de uma pressão selectiva artificial e normalizada para todas as comunidades e nações, que surgiram em função dos diferentes desafios históricos e pressões selectivas, vão desaparecendo à medida que tudo se uniformiza. É, definitivamente, a vulgarização do homem, uma monstruosidade que nem sequer Ortega y Gasset poderia imaginar ao escrever a "Rebelião das Massas".
Este perigo, que implica uma perda nas capacidades de resposta da espécie humana no seu conjunto, apresenta também fenómenos secundários de domesticação corporal, como o aumento de gordura, diminuição de combatividade, obsessões sexuais, diminuição da selectividade sexual e outros elementos negativos para a conservação da nossa espécie. A uniformização e a vulgarização são também aspectos de uma regressão civilizacional, já que o caminho ascendente se caracteriza por uma crescente diferenciação e um maior grau de organização.»
António Marques Bessa
in "Ensaio sobre o Fim da Nossa Idade", Edições do Templo (1978).
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Homogeneidade
Categorias:
António Marques Bessa
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Muito bom!
NC
Enviar um comentário