«É talvez o declínio da coragem o que mais chama a atenção dum estrangeiro no Ocidente de hoje. A coragem cívica não só desertou globalmente do mundo ocidental mas também de cada um dos países que a compõem (…). Este declínio de coragem é particularmente sensível na camada dirigente e na camada intelectual dominante e daí vem a impressão de que foi de toda a sociedade que a coragem desertou. (…) Os funcionários públicos e intelectuais patenteiam este declínio, esta fraqueza e esta irresolução, tanto nos seus actos como nos seus discursos e, mais ainda, nas suas considerações teóricas que fornecem com toda a complacência, para provarem que esta maneira de agir, que alicerça a política dum Estado na cobardia e no servilismo, é pragmática, racional e justificada, seja qual for o plano intelectual, ou mesmo moral, em que nos coloquemos. Este declínio da coragem que, aqui e ali parece ir até à perda de todo e qualquer vestígio de virilidade, encontramo-lo (…) nos casos em que esses mesmos funcionários sofrem súbitos acessos de valentia e intransigência para com governos sem força de países fracos, que ninguém apoia, ou para correntes condenadas por todos e que, manifestamente, não têm qualquer possibilidade de poder ripostar, ao passo que sentem a língua secar-se-lhe e as mãos paralisarem-se-lhe diante de governos mais poderosos e das forças ameaçadoras (…) da Internacional do terror.
Será preciso lembrar que o declínio da coragem foi sempre considerado como um sinal percursor do fim?»
Alexandre Soljenitsyne
in "O Declínio da Coragem", Discursos de Harvard, Junho 1978, Lisboa, Ed. Rolim
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
O Ocidente...
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