"Recusai-vos! Por regra, não acrediteis nos que estão vivos. Eles souberam adaptar-se ou aceitar a mediania e a fraqueza; tornaram-se homens maduros ou chegaram à idade viril, no meio de uma sociedade apodrecida ou eunuca; eles pensam em movimentos e forças económicas, nas habilidades para ser aceites ou nos lugares que vão ocupar. Recusai-vos a tudo isso. Escolhei os que se tornaram jovens, vivos, eternos, pela morte. Escolhei os que foram assassinados ou morreram nas diversas formas de combate, dando testemunho da vida. Escolhei o caminho difícil e insubmisso contra esta maioria que detém os poderes do dinheiro, da propaganda, dos estados gigantescos e dos partidos às claras ou ocultos, mas todos eles subsidiados largamente e beneficiados pela corrente opinião fabricada. Tudo isso, de um ou outro lado, faz acenos e alicia os jovens. É tão fácil! Mas não! Que firme e ardente alegria nos pode encher a alma e erguê-la, mesmo que seja alegria amassada e transmutada com lágrimas, raiva, derrotas, solidão, cansaço, melancolia! Que consciência de sermos fortes, no íntimo de cada um, de nos termos conquistado essa força, oh!, quanta insolência e heroicidade e orgulho, afirmados, simplesmente, com a simplicidade dos que se fizeram livres pelo espírito! Recusai-vos aos vivos, esses gordamente faladores de economia ou de nacionalismo de trazer por casa, recusai-vos aos moderados e aos instalados, aos pescadores de águas-turvas, que com voz grave e bem-falante discorrem em favor da «liberdade». Escolhei os que na morte irradiam vida, pois estes morrem por vós."
Goulart Nogueira
in "Tempo Presente", n.º 11, Março de 1960.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Viva a Morte!
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