sexta-feira, 4 de julho de 2008

Resistir ao poder do dinheiro

"O carlismo popular sob a monarquia burguesa, a tentação cesarista sob o Império, a agitação boulangista e nacionalista ao virar do século, a Acção Francesa nos seus inícios, o «socialismo fascista» no entre-guerras, o gaulismo no pós-guerra, como algumas alianças eleitorais do tempo presente, demonstram-no: O encontro de uma parte do mundo do trabalho com a tradição nacional populista, mesmo se parcial e mais ou menos efémero, não o é menos uma realidade recorrente da França e da Europa contemporâneas. A chave desta realidade reside em boa medida na aptidão do socialismo nacional para descrever e denunciar sem complacência a maldição do Ouro, a punição dos invejosos, a corrupção dos valores, a folia dos medíocres, o ridículo e o egoísmo sórdido dos novos ricos. «Resistimos ao poder do dinheiro pelo que temos de tradicional, enquanto filhos de uma raça, crentes de uma religião, homens de uma terra, artistas ignorados – escreve Abel Bonnard. É por isso que os financeiros detestam instintivamente tudo o que impede os homens de serem absolutamente iguais. Eles não queriam estar preocupados senão com a vaidade humana».

Para Proudhon, Sorel, Péguy, a predominância das ideias económicas tem por efeito não somente obscurecer a lei moral, mas também corromper os princípios políticos. O respeito pelos anciãos, pelos pais, pelos filhos, pela mulher, pela família, pelo trabalho, pela pátria, por si mesmo, o respeito por tudo o que é superior, pelas tradições, o sentimento dominador do sacrifício pela família e pela comunidade, estão no centro das suas preocupações. Para eles o verdadeiro socialismo não é a escola da pequena felicidade burguesa, mas uma conduta de vida, uma forma de reencontrar o sentido da honra, da nobreza de alma, do heroísmo e do sublime."

Arnaud Imatz
in "Par delà droite et gauche. Permanence et évolution des idéaux et des valeurs non conformes", Paris, Godefroy de Bouillon, 1996

1 comentário:

Anónimo disse...

O que é o mal? Aquilo que já viste muita vez. De resto, a tudo o que acontece afivela esta observação: é o que estás farto de ver. Em suma, acima e abaixo encontrarás as mesmas cenas, que enchem as histórias, antigas, as intermédias, as contemporâneas, cenas de que estão cheias, hoje ainda, as nossas cidades e casas. Nada de novo. Tudo é banal e efémero.

Marco Aurélio (Pensamentos)