segunda-feira, 30 de junho de 2008

À carga!

Comunità Solidarista Popoli

Organização humanitária fora do comum, a "Comunità Solidarista Popoli" é uma associação não-governamental italiana que se concentra na ajuda a povos ou etnias ameaçadas de extinção, na luta pela sua identidade e pela própria sobrevivência sob condições precárias. Para além de ajudas essenciais, a associação tenta garantir meios às populações com que consigam assumir a sua própria autonomia. Neste momento, a Comunidade desenvolve projectos no Afeganistão e na Birmânia, junto ao povo Karen, encontrando-se também empenhada na causa Tibetana.

"A «Comunità Solidarista Popoli» é constituída por um grupo de pessoas que, por desejos e sentimentos comuns, quiseram criar uma associação de ajuda humanitária que direccionasse as suas acções em favor de povos ou etnias que, em luta pela manutenção da sua própria identidade, vivam em condições de particular dificuldade.

É objectivo da associação levar ajuda concreta a pessoas que se encontram em dificuldades devido a guerras, calamidades naturais ou epidemias, com a intenção de actuar autonomamente, fora de qualquer condicionamento da parte do governo ou organizações políticas.

O desenvolvimento dos objectivos passa pelo lançamento de projectos humanitários (emergência, luta contra a pobreza) e de desenvolvimento (construção de hospitais, dispensários, escolas, centros de formação profissional) que contribuam para o melhoramento das perspectivas de vida das mesmas populações que se encontram em situações de dificuldade.

A cobertura financeira de tais projectos deve-se ao auto-financiamento a partir de actuais ou futuros membros, e através da recolha de fundos, da organização de manifestações de benefeciência, colaborando quando possível com outras organizações humanitárias regularmente constituidas que actuem paralelamente aos objectivos definidos pela nossa Comunidade."

Yukio Mishima

Yukio Mishima nasceu em Tóquio em 1925 e morreu na mesma cidade, em 1970, após ter cometido seppuku, o suicídio ritual, no quartel general das Forças de Autodefesa, em Tóquio, onde acabara de realizar um discurso patriótico exortando os soldados do quartel a restituírem o poder ao imperador. Viveu uma infância solitária, educado pela avó materna. Poderá ter surgido nessa época a sua obsessão pela morte e pelo Kabuki. Recrutado pelas forças japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, fica fora das linhas da frente por motivos de saúde, facto que causou grande sofrimento ao escritor, que considerou ter assim perdido a oportunidade de uma morte heróica. Instado pelo pai, forma-se em Direito. Começa a escrever e a sua primeira obra é publicada quando o autor tem vinte e cinco anos. Inicia-se na prática de artes marciais, praticando o culto do corpo. Foi nomeado para o Prémio Nobel por três vezes. A sua obsessão pelo imperador torna-se uma constante, acompanhada da defesa dos valores e virtudes do Japão tradicional. A Time considerou-o «o Hemingway japonês». Possui uma vasta obra, entre o romance, o teatro e o ensaio. É hoje em dia um clássico da moderna literatura japonesa.

domingo, 29 de junho de 2008

Cuidado com as imitações!

"Tuons le Clair de Lune"

Domingo ao fim da tarde as ruas estão vazias de militantes que se sintonizam na Radio Bandiera Nera para escutar a voz da resistência identitária e francófona proveniente do Canadá: a transmissão "Tuons le Clair de Lune".
Programa cultural e político, "Tuons le Clair de Lune" é uma janela aberta para a actualidade internacional da área alternativa e patriótica, e um lugar de troca de experiências e de aprofundamento dos temas mais diversos, desde o futurismo à banda-desenhada, passando pelos foras-da-lei, a luta anti-capitalista, o "fast-food"...
A cargo de três DJs - Boldieu, Pierre e Zombina - "Tuons le Clair de Lune" é o momento inegociável de todos os corações rebeldes que não deixam a bandeira negra e os amigos.

"Tuons le Clair de Lune", das 22h00 às 23h00 (hora portuguesa), na Radio Bandiera Nera.

Campo de Verão dos identitários

O campo de Verão dos identitários terá lugar na região de Lyon, de 17 a 22 de Agosto. Inaugurando o ciclo «Revoltas contra o mundo moderno», o campo será consagrado à questão das liberdades e soberanias locais e regionais e basear-se-á na insurreição federalista de Lyon en 1793.
Como habitualmente, o campo juntará reflexão e formação política, ateliers práticos, actividades físicas e momentos de comunidade. As presenças estão sujeitas a inscrição prévia.
O campo de Verão é um momento privilegiado na vida do movimento identitário, selando a fraternidade e a coesão entre os militantes de primeira linha.

sábado, 28 de junho de 2008

Portugal na Linha da Frente

Marcello de Angelis e 270 Bis

Marcello de Angelis, jornalista de profissão, é também vocalista da banda 270Bis. Ligado à militância nacionalista desde muito jovem, atravessou o exílio em Paris e Londres, onde trabalhou como gráfico e ilustrador. Personalidade de referência no movimento nacionalista, desempenhou funções como senador e membro de diversas comissões parlamentares. Em 2008 foi eleito para a Câmara dos Deputados como cabeça-de-lista pela coligação de Berlusconi.

Enquanto jovem, é descrito como curioso, dotado de uma sólida cultura europeia e fluente em diversas línguas, assim como dotado desenhador e leitor assíduo de bandas-desenhadas. Foi maquetista de profissão, um ofício que aprendeu graças à improvisação garantida pela experiência de activista.

Precoce na política, juntou-se à secção de Roma, sua cidade natal, do Fronte dellà Gioventu, a organização juvenil do Movimento Social Italiano (MSI). Aos 14 anos, é confrontado com a difícil situação de jovens "camerati" neo-fascistas que se opõem com uma violência crescente aos "compagni" de esquerda.

Regularmente, os jovens "missini" são assassinados por marxistas e a vida nas escolas e faculdades torna-se uma luta quotidiana. Durante os anos 70, a cruz celta é uma provocação inadmissível para os "novos partisans", como gostam de definir-se os que formam o vasto grupo que mais tarde dá origem a organizações terroristas como as Brigadas Vermelhas. Um slogan floresce nas paredes, ultrapassando o simples comentário: "matar um fascista não é um delito".

Desiludido pelo "conservadorismo" do movimento de Giorgio Almirante, Marcello abandona o MSI e junta-se a um pequeno grupo de jovens activistas que gravita em torno de diferentes escolas da capital italiana: "Lotta Studentesca". Em 1978, é constituída a organização que mais dará que falar em Itália, apesar da sua breve existência de dois anos: Terza Posizione.

No segundo número da revista "Per la Terza Posizione", um artigo intitulado "nossa luta", apresenta a futura linha do movimento: "Militar na esfera da Terceira Posição significa combater um imperialismo russo-americano, recusar e lutar contra as duas frentes políticas, comerciais e militares ligadas ao Kremlin e à Casa Branca".

O nome da organização tem origem numa fórmula cara ao general argentino Peron. Entretanto o grupo desenvolve-se e mesmo o Mundo da Educação (Janeiro 1981) reconhece o sucesso desta "nova extrema-direita": "os jovens fascistas mantêm o gosto pela violência e o culto dos heróis. Mas adoptaram a linguagem, a música, as preocupações de toda a sua geração."

Este período florescente para os jovens militantes da Terza Posizione será de curta duração. A 23 de Setembro de 1980, na sequência do terrível atentado na estação de Bolonha (que hoje se sabe dever à loja maçónica P2 de Licio Gelli e a certos sectores dos serviços secretos) a repressão abate-se sobre a Terza Posizione.

Mais de 500 polícias são mobilizados para deter cerca de quarenta jovens, alguns com menos de 18 anos, acusados de "constituição de grupo armado" e "associação subversiva". As prisões italianas enchem-se então com várias centenas de prisioneiros nacionalistas. Alguns ficarão detidos quatro anos em prisão preventiva até serem... absolvidos! Entre os cerca de sessenta activistas que conseguem fugir a tempo, certos quadros como Marcello conseguem passar a fronteira. Deixa para trás a sua namorada de 19 anos, grávida de 4 meses, que dará à luz na prisão. A 21 de Janeiro de 1981, o seu filho Luca Nazzareno vê o dia. Tem o mesmo nome do seu irmão, "Nanni".

A 5 de Outubro de 1980, Nanni havia sido detido pelos homens da Digos, um autêntica polícia política. Ferido durante a detenção, é encontrado morto nessa mesma tarde, na sua cela, na prisão de Rebibbia. Um "suicídio", segundo as autoridades judiciais. Os camaradas não têm dúvidas: Nanni foi assassinado, morreu por falta de cuidados depois de ter sofrido brutalidades policiais. Após estadia clandestina em França, Marcello refugia-se na Grã-Bretanha. É preso em 1981 e cumpre seis meses de prisão em Brixton. O pedido de extradição é recusado por juízes ingleses e Marcello torna-se "livre" para levar uma vida de "refugiado", em conjunto com uma quinzena de camaradas.

Após quase dez anos, Marcello toma a decisão de regressar a Itália, seja qual for o custo. Decide enfrentar a condenação a cinco anos e seis meses de prisão "devido ao artigo 270 Bis" e regressa a Roma, ou melhor, à prisão romana de Rebibbia, onde o seu irmão morrera e o seu filho nascera. Após três anos, graças a uma redução de pena em 1989, as portas da cela abrem-se e Marcello olha em seu redor. O mundo havia mudado.

Da breve experiência de liberdade reencontrada, apenas um surpreendente ponto positivo: a cassete que havia enviado a um amigo enquanto estava encarcerado havia dado volta à Itália e não passava um dia sem encontrar alguém que conhecia as suas canções de cor, as interpretava e dava a conhecer. Tendo isso em conta, e segundo o provérbio "uma canção faz mais estragos que cem mil folhetos", ele empunha novamente a sua guitarra. Com Cláudio Scotti - conhecido como Gianetto - velho camarada e co-arguido reencontrado após muitos anos, o jovem Ultra da Lazio Antonello Patrizi - conhecido como Babba - e o baterista Gianlucca Rizzante, constitui a primeira formação dos 270 Bis, assim chamada em honra da experiência processual... Estamos em 1993. O primeiro reportório do grupo compôs-se de velhos sucessos revisitados de Marcello (Settembre Nero, Eri Bella), de temas escritos atrás das grades (Cara Amica, El Bandido, Salve Sole, Ehi! Guardia) assim como outros nascidos do impacto do regresso (Apri gli Occhi) e da observação do novo mundo - mais velho ao mesmo tempo - (Bomber Nero, Spara sulle Posse). O ano seguinte foi marcado por um salto qualitativo graças à chegada do saxofonista Max Cocciolo. Após numerosos concertos, é editada a primeira cassete intitulada "I Signori della Guerra" ("Os Senhores da Guerra"). Os cinco mil exemplares produzidos esgotaram-se num ano. Seguiu-se o segundo LP - "Cuore Nero" ("Coração Negro") com temas retomados do reportório original e de novas músicas que rapidamente se tornariam grandes sucessos (Non Scordo e Claretta e Ben). Sucede-se um período de estagnação e de transformações dolorosas. Entre boicotes e vetos da quase totalidade das forças políticas (cada uma por razões distintas), os membros dos 270 bis prosseguiram as suas actividades de provocadores cantores dando mais de cem concertos em quatro anos.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Entrevista com Philippe Vardon

Entrevista do blogue ONG a Philippe Vardon

ONG: Bom dia, pode apresentar-se para os que não o conhecem?
PV: Tenho 28 anos, dois quais 14 foram passados no "movimento patriótico", no sentido geral do termo. Cresci numa cidade e rapidamente me senti estrangeiro na minha própria terra. Recusando assimilar-me à fauna suburbana, voltei-me para os bandos de rebeldes brancos que existiam durante os anos 90. Os blusões bomber tinham substituído os blusões negros de pele e encontrei o que então procurava: o clã, a força, a afirmação de si. Devido ao contacto com certas pessoas e também através de um verdadeiro percurso pessoal, essa reacção epidérmica (no sentido figurado como no próprio) tornou-se uma real consciência política. Formei-me então na escola doutrinal e militante do activismo nacionalista-revolucionário, em particular no âmbito estudantil, onde assumi as minhas primeiras responsabilidades reais. Paralelamente, efectuei também o que se pode chamar de reconquista interior, reencontrando as minhas raízes, o que politicamente se traduziu no desenvolvimento de um forte sentimento autonomista e regionalista. Em 2002, participei na fundação das Jeunesses Identitaires e tornei-me o primeiro porta-voz. Ocupei o cargo durante cinco anos, ao fim dos quais cedi o lugar para me consagrar plenamente ao combate identitário no Pays Niçois. Dirijo agora o movimento Nissa Rebela e concorri com a nossa lista às eleições municipais de Nice, onde conseguimos 3,1%, cerca de 5000 votos.
Desde 1998, sou também o vocalista do grupo Fraction. O que ao mesmo tempo é um prazer e um acto militante. A meu ver, a formação de uma contra-cultura alternativa deve ser uma preocupação de cada momento.
No plano profissional, sou actualmente comerciante, o que não corresponde tanto ao meu curso universitário (Direito e Ciências Políticas), mas assegura-me uma independência preciosa. Os meus estudos conduzir-me-iam a trabalhar numa autarquia ou para um deputado e compreende que isso é dificilmente negociável.

ONG: De onde vem o seu gosto pela Ásia? Já fez alguma viagem?
PV: É uma herança familiar em primeiro grau. O meu pai ensinou karaté e desde há vinte anos que passa quase metade do ano na Tailândia. Há seis anos que vesti pela primeira vez um dogi (e não um kimono, as artes marciais não se praticam de pijama, que é a tradução mais próxima de kimono...), e desde aí, a Ásia - em primeiro lugar através das artes marciais e depois pela cultura - colou-se à minha pele, e mesmo a prática de rugby na minha adolescência não me afastou.
Visitei a Tailândia há quatro anos e espero voltar no próximo ano. É um país excepcional em todos os sentidos e seja qual for a razão que nos leve lá, acabamos por encontrar o que procuramos.

ONG: Apoia acções em solidariedade com lutas identitárias asiáticas, como a causa Tibetana ou o caso dos Karen?
PV: Com efeito, no passado dei a minha mão várias vezes a associações de defesa do Tibete e participei em diversas acções de sensibilização. Por exemplo, estive na organização de um concerto do grupo Tryo para uma marcha pelo Tibete a realizar em Nice. No que diz respeito aos Karens, fui sensibilizado para o seu combate por intermédio do meu pai. Isto talvez seja surpreendente na minha órbita política, já que muitos nacionalistas franceses prestaram fisicamente o seu apoio junto dos Karen durante as décadas de 80 e 90.
Devo confessar que hoje em dia marco uma distância para com os idiotas recentemente convertidos à luta pelo Tibete livre. Já faz um ano que não uso a minha t-shirt "Free Tibet" com receio de ser confundido com um pró-tibetano da moda. Fui há dois meses a uma concentração pelo Tibete e vi apenas imbecis fingindo-se de budistas, disfarçados de tibetanos como se estivessem no Carnaval. Como se houvesse necessidade de alguém se travestir para apoiar um povo, como se fosse preciso esquecer a nossa identidade para defender os outros. Finalmente, encontravam-se lá os mesmos idiotas que se manifestam contra Bush, contra a guerra no Iraque, e na semana seguinte ou anterior contra os sérvios ou contra a Frente Nacional. Nem constância nem coerência.
Deste modo, mantenho-me amigo do Tibete, mas actualmente puramente num plano pessoal.

ONG: "A mestiçagem é uma estupidez enquanto programa político (...). A mestiçagem é um assunto sentimental". Que pensa desta frase?
PV: Que decididamente Tai Luc tem sempre a boa palavra! Mas que não se pode ter exactamente o mesmo julgamento quando se é um cantor ou quando se é um responsável político.
A mestiçagem na esfera totalmente privada, ou seja como encontro entre duas pessoas, é uma coisa. Não se vai dizer que não importa: somos um povo de marinheiros, de colonos, de aventureiros e a mestiçagem sempre existiu. Mas restringia-se a uma margem ínfima, era claramente um comportamento marginal!
Actualmente somos confrontados com um fenómeno de massas, e como diz justamente o cantor Tai Luc, é um programa, uma ideologia, um modelo de sociedade. Em última análise, chegar-se-ia a um ponto em que o comportamento marginal são as uniões no seio de um mesmo povo. Assiste-se, como em tantos domínios, a uma verdadeira inversão das normas. A mestiçagem generalizada é o fim da diversidade do mundo (é por isso que os apoiantes da mestiçagem são de facto os piores racistas, querendo apagar qualquer diferença!), é o mundo cinzento, a lógica globalizante no seu apogeu. Pelo contrário, enquanto identitários nós somos defensores da diversidade e da identidade, dos sabores e das cores. Ser amigo dos povos, actualmente, é opor-se claramente à mestiçagem generalizada.
Não cabe a mim julgar a união de duas pessoas mas simplesmente de transmitir um olhar lúcido sobre a nossa sociedade. Cada um segue a sua consciência e os seus sentimentos, mas quem hoje decide lançar-se numa união inter-étnica (os famosos "casais mistos" adorados pela imprensa) deve ter a ideia que participa - quer queira quer não - num fenómeno global.
Para terminar, não penso que a mestiçagem seja uma oportunidade, em primeiro lugar para os próprios mestiços. A ideia de dupla cultura parece-me continuar uma lenda, ou pelo menos uma excepção, e os mestiços num momento ou outro fazem sempre uma escolha entre duas heranças. Por exemplo, não vemos Yannick Noah reivindicar fortemente a sua identidade europeia. No caso inverso, jovens mestiços (asiáticos entre outros) muitas vezes se aproximaram da militância "à direita".

ONG: O que pensa do slogan: 0% Racismo 100% Identidade?
PV: Esse slogan parece-me muito acertado, e justificado para marcar a nossa diferença com comportamentos débeis e debilitantes.
No entanto, não deve servir para mascarar uma aceitação unicamente culturalista da identidade, querendo omitir (frequentemente por conforto) o factor étnico que é também constitutivo da identidade.

ONG: O Bushido, a Arte da Guerra, as artes marciais, tudo isso deve fazer parte dos conhecimentos de um militante?
PV: Penso em todo o caso que conduzem a conhecimentos preciosos, e primeiro que tudo ao conhecimento de si próprio.
É certo que "A Arte da Guerra" deve fazer parte da biblioteca de qualquer militante, ao lado do "Príncipe" de Maquiavel.
O Bushido não é para mim nem mais nem menos que um código de cavaleiro, e é evidente que quando nos propomos encarnar certos valores, não podemos afastar-nos dessa via. Um militante identitário que não tente fazer suas as sete virtudes do Bushido (rectidão, coragem, benevolência, cortesia, sinceridade, honra, fidelidade) - contando que o Homem não é perfeito mas sim preferível - não seria a meu ver um militante completo. A primeira versão do sítio internet das Jeunesses Identitaires tinha entre os textos de formação um artigo sobre o Bushido.
No que diz respeito às artes marciais, não sei se devem fazer parte dos conhecimentos de um militante (sendo verdade que podem servir de grande socorro, em muitas circunstâncias e não apenas nas mais evidentes) mas fazem parte da minha vida. Vocês fazem bem em falar de artes marciais e não em desportos de combate, porque apesar de algumas incursões em diferentes técnicas continuo ligado ao karaté (da escola Kyokushinkai de Mas Oyama, um "karaté-contacto" cujas competições terminam com KO). O espírito tradicional e o rigor japonês fazem parte do quadro. Adoro a atmosfera do dojo e a partir do momento em que aperto a cintura do doji, isolo-me do exterior por algumas horas.

ONG: Quais os seus projectos futuros?
PV: Primeiro que tudo, continuo a trabalhar no enraizamento local dos identitários, nomeadamente na preparação das eleições regionais. Há um projecto de novo álbum, sobre o qual começámos a trabalhar com os Fraction, nomeadamente uma faixa consagrada ao boxe thaï. E, por fim, continuar a desenvolver a minha actividade comercial para assegurar a minha independência financeira e consequentemente a minha liberdade política.

10 de Junho: dia de Portugal

Só os criminosos sabem fazer amor

É preciso ser sincera: mas existe em circulação uma só, digo uma mulher, que ache atraente um macho (ou será mais apropriado, aqui, dizer um “homem”) que não perca uma boa ocasião para provocar e experimentar uma comoção proclamando-se promotor do respeito pelos direitos humanos? Se me encontrassem uma das minhas congéneres disposta a jurar-me e a provar-me (com a mão sobre a consciência) que sente desejo por um pacifista não hesitarei em pronunciar os votos (sublimando por fim a minha particular paixão pelo isolamento naqueles extenuados paraísos da perversão que são os lugares de fé).

Erro se aposto que um bom número de casos de disfuncionalidades sexuais seriam exorcizadas simplesmente mudando a forma de governo? Ou, pelo menos, impedindo-a de impor a todos a mistela retórico-sentimental do bom coração, dos bons sentimentos, da piedade, da solidariedade, e o sórdido pranto de que somos todos – os deformados e os rectos, os belos e os feios – iguais? É irrealista insinuar que, para além do culto do orgulhoso e do forte, estes tempos estão também a destruir a linfa erótica, o élan do desejo? Mas que apelo poderá alguma vez gabar-se de exercer um bípede empenhado em missões humanitárias? Talvez um pouco, se está de hábito clerical, beneficiando daquele ímpeto de profanação no qual o animal homem tanto se exalta… O infame Catilina deixou-nos com estes hinos: "incendium meum ruina exstinguam": "extinguirei o meu incêndio na ruína”. (…) E as mulheres desesperam e vestem o fato para extinguir o seu incêndio na carreira. E a polaridade entre os géneros – geradora daquelas cargas e descargas que dão as asas ao homem, que fazem dele montanha e dela abismo – torna-se cada vez mais rara (e subitamente os gay a aproveitarem para o seu ridículo orgulho público de legitimação, que sacia o vício que desde há milénios escondiam e cultivavam). Como sentiu com justiça e tão profundamente aquela senhora da república calvinista de Genebra que encerrou a questão sentenciando: "só os criminosos sabem fazer amor"!

Anna K. Valerio

(Traduzido por Rodrigo N.P.)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O antigo Corporativismo

"O espírito fundamental do corporativismo era o de uma comunidade de trabalho e de uma solidariedade produtiva na qual os princípio da competência, da qualificação e da hierarquia natural actuavam como sólidos eixos, tendo como próprio um estilo de impessoalidade activa, de desinteresse, de dignidade. Tudo isto foi bem visível nas corporações artesanais medievais, nas guildas e nas Zünften: levando-nos todavia mais atrás no tempo, temos o exemplo das antigas corporações profissionais romanas. Estas, segundo uma expressão característica, estavam constituidas ad exemplum reipublicae, ou seja, à imagem do Estado, e as mesmas designações (por exemplo de milities ou milities caligati para os simples agremiados até aos magistri) reflectiam sobre o próprio plano o ordenamento militar. Relativamente à tradição corporativa, tal como floresceu no Medievo românico-germânico, teve particular relevo a dignidade de serem livres os pertencentes à corporação, o orgulho do sujeito de pertencer a ela; o amor pelo trabalho, considerado não como um simples meio de ganância, mas sim como uma arte e uma expressão da própria vocação, e ao compromisso das mestrias se vinculava a competência, o cuidado, o saber dos mestres de arte, o seu esforço para o potenciamento e elevação da unidade corporativa, a sua tutela da ética e das leis de honra que a mesma tinha como próprias. O problema do capital e da propriedade dos meios de produção quase não aparecia aqui, tão natural era o concurso dos múltiplos elementos do processo produtivo para a realização do fim comum. Para mais, tratava-se de organizações que tinham «como próprios» os intrumentos de produção, instrumentos que ninguém pensava monopolizar para fins de exploração e que não estavam vinculados a uma finança estranha ao trabalho. A usura do «dinheiro líquido» e sem raízes — o equivalente ao que hoje é o uso bancário e financeiro do capital — era considerado como coisa de Judeus e para eles deixada, estando muito longe de condicionar o sistema."

Julius Evola
in "Los Hombres y las Ruinas", Ediciones Heracles

George Sorel (I)

"«Sorel, enigma do séc. XX é uma transplanção de Proudhon, enigma do séc. XIX», escrevia Daniel Halévy no seu prefácio do livro de Pierre Andreu, Notre Maitre (Grasset, 1953). Com efeito, um enigma que este doutrinador edificou como um gigante de orelhas coladas sobre as têmperas, nariz forte, olho claro, a barba branca. Enigma, este socialista obstinado, indisposto perante a Revolução, simpatizante da "Action Française", admirador de Renan, Hegel, Bergson, Maurras, Marx e Mussolini.

George Sorel nasceu em Cherbourg a 2 de Novembro de 1847. É duplamente normando: pela Mancha e por Calvados. O seu primo germano, Albert Sorel, far-se-á historiador do Império e da Revolução.
Politécnico, engenheiro de pontes e de estradas, Sorel só se consagra aos problemas sociais a partir de 1892. (...)

Publicado pela primeira vez em 1908 Réflexions sur la Violence reapareceu em 1973 na colecção «Études sur le Devenir Social», cujo director é Julien Freund, professor na Universidade de Strasbourg.
O livro apareceu de improviso como a obra base do sindicalismo revolucionário.
Hostil ao socialismo parlamentar e a Jean Jaurès, que acusa de se ter alimentado de ideologia burguesa, George Sorel opõe-lhe aquilo a que chama a «Nouvelle École». Esta vê na greve a forma essencial de reivindicação social. É por meio da greve geral que a sociedade será dividida em fracções inimigas e o Estado burgês destruído. A greve é a «manifestação mais brilhante da força individualista nas massas sublevadas».
A greve implica a violência. Ao contrário dos socialistas do seu tempo (excepção feita a Proudhon), Sorel não opõe o trabalho à violência. Recusa-se a glosar o «desejo de paz dos trabalhadores». A violência é para si um acto do guerra: «Um acto de pura luta, semelhante à de um exército em campanha», escreve ele.
«Esta assimilação entre a greve e a guerra é decisiva, indica Claude Polin no prefácio da nova edição de Réflexions, já que tudo o que diz respeito à guerra se produz sem ódio e espírito de vingança: na guerra não se matam os vencidos; não se inflinge, a seres inofensivos, as consequências dos dissabores que os exércitos podem ter experimentado no campo de batalha.» O que explica a razão porque Sorel reprova a «violência-vingança» dos revolucionários de 1793: «Não se deve confundir a violência com as brutalidades sanguinárias que não levam a nada»."

Alain de Benoist
in "Nova Direita Nova Cultura – Antologia crítica das ideias contemporâneas", Lisboa, Fernando Ribeiro de Mello/Edições Afrodite, 1981.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Novo Centro Social Flamengo

Os criadores do centro flamengo Vlaams Huis acabam de apresentar um novo projecto, o seu futuro local político e cultural. Num espaço com cerca de 2500 metros quadrados de área, os identitários flamengos planeiam edificar um centro social, equipado com uma sala informática com acesso à internet, uma sala de concertos e de ensaios, um bar associativo, uma oficina de reparação mecânica de automóveis e motocicletas, uma sala de conferências, um ginásio com ringue e aparelhos de musculação e ainda muitas outras surpresas.
Situado no coração de Lille, os activistas querem tornar o projecto uma resposta real aos problemas dos cidadãos, já que o centro se localiza numa zona de grandes problemas sociais.
A abertura do espaço está prevista para Outubro e os organizadores encontram-se já a reunir apoios e financiamento, através do outro centro social de Lille, o Vlaams Huis.

Primeiro Encontro Nacional CasaPound Itália

terça-feira, 24 de junho de 2008

"Dentro da sua própria cabeça"

"Aqui a Voz da Europa. Fala Ezra Pound. Título: O Gentil-Homem Decaído.
Entre as minhas recordações americanas está a do gentil-homem decaído, vestido com uma jaqueta andrajosa, que vendia mel num bar de Washington.
Querendo conhecer opiniões diferentes das da imprensa ou do Congresso e os resultados do New Deal e das consequentes fraudes americanas em 1939, para saber o que pensava de todo o assunto, pedi-lhe o parecer, preferindo o dele à do figurão que sorvia uma ostra, e obtive esta resposta, indubitavelmente incontroversa: «Os da nossa geração encontraram-se de repente diante de muitas confusões».
Este homem representava, indiscutivelmente, o verdadeiro homem de rua, naquele momento pouco ou só temporariamente afastado da rua, e contrastava com os rufiões da BBC.
A clareza de cada homem deve começar dentro da sua própria cabeça."

Ezra Pound
in "Esta é a voz da Europa", Hugin, 1996.

E no princípio foi o verbo ...

"Já se percebe com que facilidade o modo de valoração sacerdotal pode derivar daquele cavalheiresco-aristocrático e depois desenvolver-se em seu oposto; em especial, isso ocorre quando a casta dos sacerdotes e a dos guerreiros se confrontam ciumentamente, e não entram em acordo quanto às suas estimativas. Os juízos de valor cavalheiresco-aristocráticos têm como pressuposto uma constituição física poderosa, uma saúde florescente, rica, até mesmo transbordante, juntamente com aquilo que serve à sua conservação: guerra, aventura, caça, dança, torneios e tudo o que envolve uma actividade robusta, livre, contente.

O modo de valoração nobre-sacerdotal - já o vimos - tem outros pressupostos: para ele a guerra é mau negócio! Os sacerdotes são, como sabemos, os mais terríveis inimigos – por quê? Porque são os mais impotentes. Na sua impotência, o ódio toma proporções monstruosas e sinistras, torna-se a coisa mais espiritual e venenosa. Na história universal, os grandes odiadores sempre foram sacerdotes, também os mais ricos de espírito - comparado ao espírito da vingança sacerdotal, todo espírito restante empalidece.

A história humana seria uma tolice, sem o espírito que os impotentes lhe trouxeram - tomemos logo o exemplo maior. Nada do que na terra se fez contra "os nobres", "os poderosos", "os senhores", "os donos do poder", é remotamente comparável ao que os judeus contra eles fizeram; os judeus, aquele povo de sacerdotes que soube desforrar-se de seus inimigos e conquistadores apenas através de uma radical tresvaloração dos valores deles, ou seja, por um acto da mais espiritual vingança. Assim convinha a um povo sacerdotal, o povo da mais entranhada sede de vingança sacerdotal. Foram os judeus que, com apavorante coerência, ousaram inverter a equação de valores aristocrática (bom = nobre = poderoso = belo = feliz = caro aos deuses), e com unhas e dentes (os dentes do ódio mais fundo, o ódio impotente) se apegaram a esta inversão, a saber, "os miseráveis somente são os bons, apenas os pobres, impotentes, baixos são bons, os sofredores, necessitados, feios, doentes são os únicos beatos, os únicos abençoados, unicamente para eles há bem-aventurança - mas vocês, nobres e poderosos, vocês serão por toda a eternidade os maus, os cruéis, os lascivos, os insaciáveis, os ímpios, serão também eternamente os desventurados, malditos e danados!...".

Sabe-se quem colheu a herança dessa tresvaloração judaica... A propósito da tremenda, desmesuradamente fatídica iniciativa que ofereceram os judeus, com essa mais radical das declarações de guerra, recordo a conclusão a que cheguei num outro momento (Além do bem e do mal, § 195) - de que com os judeus principia a revolta dos escravos na moral: aquela rebelião que tem atrás de si dois mil anos de história, e que hoje perdemos de vista, porque foi vitoriosa..."

Friedrich Nietzsche
in "A Genealogia da Moral", 1º ensaio – capítulo VII

(Rodrigo N.P.)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Solidarité Kosovo

"No passado dia 18 de Fevereiro, a associação Solidarité Kosovo lançava a sua chamada de emergência para os sérvios do Kosovo. Três dias mais tarde, dois membros da associação partiam para a província de Kosovska Mitrovica. Os recentes confrontos haviam forçado a ONU a encerrar o norte do Kosovo. No entanto, os nossos voluntários conseguiram passar. Foram assim entregues 7000 euros em materiais de comunicação, destinados a garantir a segurança de alguns enclaves no Norte do Kosovo.

Hoje, a situação dos sérvios do Kosovo não melhorou e a nova constituição do Kosovo não vai fazer mais que reforçar a marginalização dos sérvios desse novo Estado. Os confrontos e agressões anti-sérvias verificam-se todos os dias. Devemos continuar a mobilizar-nos para permitir às populações civis serem «desenclavadas» graças aos sistemas de comunicação modernos. Devemos continuar o nosso esforço para garantir a segurança dos nossos irmãos sérvios em perigo, onde quer que estejam! Depois da nossa última missão, os contactos multiplicaram-se e temos agora a possibilidade de levar material profissional de video-vigilância que servirá para proteger as zonas em risco. Devemos também adquirir material de telecomunicações.

Para encaminhar todo este material precisamos da vossa ajuda! Muitos de vós têm sido muito generoso e agradecemos uma vez mais. Mas não devemos, nem podemos, afrouxar os nossos esforços. Aqueles que podem ajudar financeiramente, façam-no. Aqueles que têm contactos profissionais no domínio da segurança, ajudem-nos. Que cada um de vós possa contribuir para esta fantástica acção! Raras são as ocasiões em que podemos agir concretamente por uma nobre causa. Não deixemos passar a ocasião, amanhã poderá ser tarde de mais. Apelamos à fibra humanitária que existe em cada um de vós. Ajam difundindo os nossos comunicados por todos os vossos contactos, dando a conhecer a nossa associação, solicitando à vossa família, aos vossos parentes ou mesmo à vossa empresa. Toda ajuda, qualquer gesto, mesmo simbólico, será de uma grande utilidade.

O nosso próximo comboio partirá durante o mês de Julho. Será o sexto comboio humanitário da nossa associação desde Janeiro de 2005. Mais do que um gesto de confiança, é um gesto de seriedade e fidelidade."

A associação Solidarité Kosovo aceita contribuições via internet, através de PayPal.

Manifestação de apoio ao povo tibetano em Itália

Tibete: Iannone - CasaPound - "Os interesses económicos de algumas multinacionais valem bem o extremínio de um povo"
“Eis os verdadeiros efeitos do capitalismo global: perante governantes conscientes da violação contínua dos Direitos Humanos e do trabalho, conscientes das condições de escravatura em que se encontram mulheres, idosos e crianças por acção do regime comunista de Pequim, incitando os próprios empresários a investir naquelas terras, um ensurdecedor silêncio desce sobre aquela que, por história e tradição, representa a manifestação desportiva sinónimo de justiça e irmandade entre os povos nas suas especificidades”. Quem o afirma é Gianluca Iannone, responsável pela CasaPound, um dos organizadores da manifestação a favor do Tibete, que contou com a presença da comunidade tibetana em Itália, de várias representações institucionais e de centenas de cidadãos livres. Ouviram-se críticas à falta de tomada de posição dos governos mundiais sobre as próximas olimpíadas de Pequim. “Desejo – conclui Iannone – que no próximo cortejo, parte das siglas, associações, partidos, comunidades e outras mais, que demonstram sempre a sua solidariedade, tragam para as ruas também alguns dos seus membros, para fazer ouvir de forma ainda mais estridente o grito de protesto que se levanta da nossa nação.”

Tibet: Students for Free Tibet e Blocco Studentesco sobre as próximas Olimpíadas de Pequim
“Organizaremos uma campanha de boicote, em todas as escolas italianas, visando os patrocinadores que pagarão milhões de euros ao regime de Pequim para que as suas marcas sejam ligadas ao infame evento que está prestes a começar”. Quem o afirma é Francesco Polacchi, responsável do Blocco Studentesco e representante romano da sigla "Students for free Tibet", que une todos os estudantes do mundo sob a bandeira da luta contra a perseguição do povo tibetano, acerca das próximas olimpíadas de Agosto. “O mundo inteiro assistiu à escandalosa corrida dos atletas rodeados de guarda-costas e polícias, com o intuito de impedir qualquer protesto civil em oposição a um regime comunista-capitalista que escraviza o próprio povo. Rebelamo-nos contra o muro de silêncio levantado por quem, aproximando-se a data do evento, começa a contar apenas os proveitos publicitários que uma manifestação do género atrai”. Não toleraremos que uns poucos homens no mundo imponham o silêncio sobre as contínuas violações dos direitos humanos perpetrados quotidianamente na China e ainda mais no Tibete; a luta estudantil recomeça na manifestação de hoje” conclui Polacchi.

domingo, 22 de junho de 2008

Recordando Jean Cau

Esta semana passou mais um aniversário da morte do grande escritor francês Jean Cau (08/07/1925 – 18/06/1993), prémio Goncourt em 1961, com La Pitié de Dieu . De antigo assistente de Sartre e grande esperança da esquerda bem-pensante fará um percurso intelectual que o levará a uma certa direita de valores duros e politicamente incorrectos e lhe valerá a eterna condenação da “respeitável” cena intelectual francesa. Recordamos hoje, numa pequena homenagem, um excerto de uma entrevista dada por Cau a Jacques Vanden Bemden, que constitui um retrato delicioso do esquerdismo e da sua “passagem-de-idade”. (Rodrigo N.P.)

«As minhas origens são humildes. O meu pai era operário e a minha mãe mulher-a-dias e creio que em Paris eu era uma ave extraordinariamente rara que se deveria colocar numa gaiola e mostrar nas feiras: o único intelectual com origens verdadeiramente proletárias, cujo pai não é general, professor, notário, médico, director de jornal, pequeno burguês ou o que quiserem. Fiz os meus estudos no seio de um ambiente extremamente rude. Os meus avós nem sequer falavam francês, falavam a língua occitana. Do mesmo modo, quando era criança, adolescente, os meus pais falavam entre si na língua occitana, por fidelidade à sua terra, às suas origens, à sua raça, às suas infâncias. Na família éramos um pouco os sicilianos da França, como os sicilianos de Nova Iorque cujos pais e avós continuam a falar siciliano enquanto os filhos falam inglês.

Portanto, cresci num ambiente pobre, popular. Quando era um miúdo pequeno houve o Front Populaire que foi, como sabe, a grande exaltação da esquerda, e no meio onde vivia aparecia como uma espécie de aurora. Depois, quando me estou a tornar rapaz, surge a guerra, e está fora de questão, na minha família, no meu meio, ter qualquer simpatia que seja pelos alemães e pela ocupação, tal como pelo governo de Vichy. E passo esses anos submergido num meio onde as palavras de ordem de resistência e, simplifiquemos, as palavras de ordem de esquerda, dominam os espíritos. Vem a libertação na qual sucumbe a direita, identificada com Vichy, Pétain, Darlan e mesmo o nazismo.

Quanto a mim decido preparar-me para o ensino superior porque não sabia fazer mais nada do que falar e escrever o Francês e desenrascar-me um pouco em Latim e Grego. E vejo-me em Paris, em Louis-le-Grand, num meio que me é totalmente estrangeiro, já que 99,9% dos alunos eram filhos de pequenos burgueses que cultivavam um sentido particularmente gratuito das ideias que eu não tinha. Eu era um meridional exigente, bastante seco, bastante duro, e acreditava em certas ideias, certos mitos, certos valores.

Mais tarde encontro Sartre, torno-me seu assistente e dou por mim envolvido nas secções da Intelligentsia francesa e descubro, não sem algum espanto, que todos esses intelectuais eram de origem burguesa mas adoravam o povo e a esquerda. Aí tens, disse para mim, que boa surpresa! Estas pessoas nunca viram um operário na vida, têm empregadas domésticas e criadas, mas são de esquerda. Era perfeito, mas olhava tudo aquilo com um olhar bastante crítico e mesmo bastante trocista. Ainda que tenha sido um intelectual de esquerda durante esses anos, fui um intelectual de esquerda curioso, céptico, em alerta e com um enorme sentido de ironia.

E depois, pouco a pouco, vi de que era feita essa espécie de idealismo. Duma enorme ingenuidade e mais ainda ao nível dos indivíduos, dos meus confrades intelectuais, romancistas, filósofos, etc., tratava-se de uma liquidação da sua própria infância e as explicações da sua adesão à esquerda teriam perfeitamente lugar num manual de freudianismo para uso das populações subdesenvolvidas. Liquidavam a sua classe social, a sua família, o seu passado, de que tinham vergonha e que lhes pesava. Sucintamente, a sua escolha era autenticamente neurótica e dirigiam-se ao povo mais por ódio à sua classe social, ódio à sua família, por rejeição do seu meio de origem, do que por uma adesão profunda, verdadeira, viva. Dirigiam-se ao povo porque não provinham de lá. Eu, por que deveria fazê-lo se vinha de lá e conhecia esse povo, amava-o e pertencia-lhe.(…)»

sábado, 21 de junho de 2008

E se decidíssemos parar o crescimento?

Degradação do meio ambiente, contaminação, esgotamento dos recursos naturais... Pode haver um crescimento infinito num mundo finito? A actual civilização industrial não poderá extender-se a todo o planeta. O "desenvolvimento sustentável" não fará mais que adiar as consequências se não se acaba com a lógica do "cada vez mais" e a busca permanente do benefício financeiro. É necessário acabar com a hegemonia dos valores mercantis e voltar a expor o problema da relação do homem com a natureza. Estas são as ideias principais que Alain de Benoist desenvolve no seu último livro: Demain la décroissance. Penser l’écologie jusqu’a bout (Edite, 2007).

O consumo de energia continua a crescer. Qual a sua opinião sobre as chamadas energias alternativas, como a eólica ou a foto-voltaica? Por outro lado, como deve actuar uma política séria de redução de consumo? Onde é realmente possível uma "poupança energética"?
O recurso a energias alternativas representa uma boa ideia. O erro é acreditar que com isso se poderá conservar o mesmo ritmo de crescimento. Hoje, com efeito, as possibilidades que oferecem as energias de substituição são limitadas. Os petróleos não convencionais, como os produzidos na Venezuela ou Canadá, para ser extraídos necessitam de quase tanta energia como a que geram. O gás natural pode servir para melhorar a extracção de petróleo ou fabricar gasolinas de síntese, mas necessita ainda mais energia. As reservas de carvão são mais importantes, mas é uma energia que contribui muito para o efeito de estufa, já que a sua extracção provoca emissões de metano e a sua combustão lança gases em grandes quantidades. A respeito do problema essencial da energia nuclear, este reside, como se sabe, no armazenamento dos resíduos radioactivos de grande duração (e numa catástrofa sempre possível).
Por outro lado, estas energias não podem substituir os complexos petroquímicos e os produtos de consumo corrente seus derivados. O hidrogénio é um vector de energia, mas não um recurso, e a sua produção comercial tem um custo duas a cinco vezes superior ao dos hidrocarbonetos utilizados para o produzir. Além disso, o preço do seu armazenamento é cem vezes superior ao dos produtos petrolífero. E cada vez que se produz uma tonelada de hidrogénio, produzem-se dez toneladas de gás carbónico. As energias renováveis derivam do vento, da água, dos vegetais e do sol. Actualmente, não representam mais do que 5,2% de toda a energia consumida no mundo. A priori são prometedoras, mas seria ilusório esperar mais. Os vegetais têm uma debilíssima capacidade energética. As bioenergias implicam uma desflorestação intensa. Os biocarburantes sintetizados a partir de vegetais têm um rendimento bastante limitado. A energia solar térmica ainda não atingiu um rendimento satisfatório a grande escala. A energia hidráulica é mais competitiva, mas exige grandes investimentos. A energia eólica é a mais barata, mas funciona apenas entre 20 a 40% do tempo, devido às variações do vento. Podemos citar outras técnicas de que também se fala, como a fusão nuclear, a "fusão a frio", as centrais solares espaciais, etc, mas a maior parte delas, até à data, não são mais que projectos, e quase todas exigem um sobreconsumo prévio de energia que torna incerto o seu balanço.

As alterações climáticas dos últimos anos estão a manifestar-se de forma cada vez mais clara. Porque parece que a população não está a prestar a necessária atenção a este fenómeno? Porque não se verificaram mudanças significativas nos modos de vida?
Não estou de acordo. Creio que a sociedade de hoje é mais sensível ao problema ecológico. E ainda mais no que diz respeito às perturbações climáticas, porque as pessoas são as primeiras a constatar os seus efeitos na vida quotidiana. O que se passa é que as pessoas não estão dispostas a aproveitar as consequências oportunas. Poderia dizer-se que, a este respeito, muita gente se comporta de forma "esquizofrénica": por um lado são conscientes da degradação do meio ambiente e dos riscos provocados, por exemplo, pelo aquecimento do clima, mas, por outro lado, querem conservar o mesmo estilo de vida a que estão habituados. Passará tempo até que se compreenda esta contradição. Daí que seja necessário todo um trabalho pedagógico cujo objectivo é fazer compreender que "mais" não significa necessariamente "melhor".
As pessoas estão habituadas a pensar que o "crescimento" e o "desenvolvimento" são fenómenos naturais, mas durante milénios a humanidade raciocinou de outro modo. Neste sentido a ideologia do progresso jogou um papel essencial. E ainda que hoje tenha perdido grande parte da sua credibilidade (o futuro parece mais cheio de ameaças do que promessas), as mentes não abandonaram a velha ideia de que um crescimento quantitativo permanente é sempre algo positivo e bom em si. As pessoas não vêem que uma tendência prolongada até ao infinito pode inverter-se bruscamente e converter-se no seu contrário (o "comportamento no limite", como se diz em matemática). Há que compreender que um crescimento infinito num mundo finito é uma contradição nos seus términos: não se pode viver indefinidamente a crédito de um capital que não se renova.

Circula uma teoria comum segundo a qual apenas a tecnologia está em condições de remediar os danos da tecnologia. Ou seja, o mecanismo industrial comprometeu irremediavelmente o ecossistema, o solo, as espécies vivas, de modo que um "regresso à terra", em forma de auto-produção e auto-consumo, de sobriedade e de redução de consumo, não poderá remediar os danos da modernidade; ou não os remedaria tanto como uma busca tecnológica cada vez mais avançada nestes sectores. Que opina a este respeito?
A teoria de que os defeitos da técnica poderão ser corrigidos por novos progressos da própria técnica é uma das numerosas versões do optimismo tecnológico. Como é óbvio, esta tese pode estar ocasionalmente certa (um erro pode ser sempre ocasionalmente correcto), mas, em termos gerais, corresponde melhor a um reconhecimento da própria impotência. O traço dominante da técnica é a sua capacidade para desenvolver-se a si mesma em função, exclusivamente, das suas possibilidades: aquilo que é tecnicamente possível será efectivamente realizado. No momento em que o desnvolvimento tecnológico se situa no horizonte da fatalidade, o homem condena-se a si mesmo a sofrer os seus efeitos, sejam quais foram. Em última análise, esta crença na capacidade da técnica para corrigir-se a si mesma não é mais do que um acto de fé.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

L'Ornitorinco

L'Ornitorinco é o nome do serviço de albergue que a CasaPound disponibiliza, para todos os que desejem passar uns dias em Roma num espírito de camaradagem.
A iniciativa tem o mesmo nome com que o poeta-soldado D'Annunzio baptizou o albergue de Fiume que alojava os seus legionários. Localizado no coração da capital italiana, dentro da própria ocupação CasaPound, L'Ornitorinco caracteriza-se pela hospitalidade romana e pelo estilo espartano, constituindo o albergue perfeito para a juventude inconformista que visita Roma.

A cidade do sossego

Calçado alternativo

E se para além dos ténis da moda e sapatilhas de marca, tivéssemos calçado independente, amigo do ambiente, dos animais e fabricado a partir de borracha reciclada? E se para além de tudo isso, fosse produzido em Portugal?

Por estranho que pareça, tudo isso existe. Trata-se da marca independente BlackSpot, uma iniciativa próxima do movimento Adbusters, cuja missão é “restabelecer a soberania do consumidor sobre o capitalismo”. Os ténis cumprem todas as normas ecológicas: para além de bio-degradáveis são produzidos integralmente a partir de fibras orgânicas sem uso de qualquer tipo de químico. Todos os modelos vêm equipados com um anti-logótipo e uma mancha vermelha na biqueira para fazer pontaria às grandes multinacionais.

No entanto, a parte melhor vem agora: os ténis são produzidos em Portugal, numa fábrica em Felgueiras. Segundo o sítio da Blackspot, trata-se de uma empresa-modelo, onde todos os direitos dos trabalhadores são respeitados.
O único problema dos ténis? Não estão disponíveis em Portugal.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Amadeo de Souza-Cardoso

Amadeo de Souza-Cardoso nasce a 14 de Novembro de 1887 em Manhufe, próximo de Amarante, e morre em Espinho, vítima de “pneumónica”, ou gripe espanhola, a 25 de Outubro de 1918.
Em 1906, parte para Paris com Francis Smith e instala-se no Boulevard de Montparnasse. Estuda Arquitectura, frequentando os ateliês de Godefroy e de Freynet, mas acaba por desistir do curso, por estar mais interessado em desenvolver uma actividade de desenhador e caricaturista, permanecendo atento ao movimento artístico parisiense.
O seu ateliê, na Cité Falguière, torna-se um dos principais centros de reunião dos artistas portugueses então residentes nesta cidade, onde se encontram para tertúlias e boémias.
A partir de 1910, desenvolve uma sólida amizade com Amadeo Modigliani (com quem expõe no seu ateliê, em 1911) e relaciona-se com Juan Gris, Max Jacob, Sonia e Robert Delaunay, Otto Freundlich, Brancusi, Archipenko, entre outros. Destes contactos, Amadeo retém a informação teórica fundamental para o desenvolvimento da sua investigação plástica. A sua obra, marcada pela constante pesquisa e reformulação de conceitos e práticas pictóricas, atravessou quase todos os movimentos estéticos relacionados com a ruptura da arte convencional. Do Cubismo à arte abstracta, passando pelo Expressionismo e Futurismo, Amadeo experimenta e ensaia modalidades pessoais de entendimento destas correntes.

Amadeo foi o único artista português da sua geração a ter um currículo internacional significativo, sabendo retirar destes contactos o essencial para um diálogo com as rupturas artísticas do seu tempo.

Surpreendido pela guerra, Amadeo regressa a Portugal no ano seguinte. Entre 1915 e 1916, convive com o casal Delaunay, então instalado em Vila do Conde. Alguns encontros em Lisboa, com Almada Negreiros e o grupo do Orpheu, estabeleceram ainda rituais de cumplicidade entre as artes e as letras, integrados no movimento futurista. Almada Negreiros apresenta-o como “a primeira Descoberta de Portugal na Europa do século xx”.
Em 1916, Amadeo publica o álbum 12 Reprodutions e, em 1917, reproduz três obras na revista Portugal Futurista, enquanto Almada lhe dedica o livro K4 Quadrado Azul.

Precocemente desaparecido, Amadeo, em escassos anos de trabalho, entre Paris e Manhufe, desenvolveu a mais séria possibilidade de arte moderna em Portugal.

Inconformista, uma forma de ser

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Contra o despejo da CasaPound Latina

"É a enésima iniciativa que a CasaPound contrapõe à especulação e à incapacidade da administração". É desta forma que Savaresi comenta a petição popular contra o despejo da ocupação do Viale XVIII dicembre, que terá início a 16 de Junho e terminará no mesmo dia que está agendado o despejo, 6 de Outubro deste ano. "Já dissemos que estamos prontos a defender a ocupação por qualquer meio, e o abaixo-assinado é um deles. De hoje a 6 de Outubro, tomaremos esta cidade, com bancas para a recolha de assinaturas em todas as praças e ruas do nosso território. Mas é errado pensar que a petição serve apenas para proteger os nossos interesses, já que a batalha que a CasaPound prossegue, desde 29 de Dezembro de 2006, é a batalha de todas as pessoas que não têm casa, que estão cansadas de assistir à degradação que mortifica a nossa cidade. Uma cidade onde os interesses dos cidadãos italianos estão colocados depois de tudo e de todos, depois das escolhas propagandísticas em favor dos imigrantes, depois dos palcos dos grandes eventos que a autarquia não deixa de patrocinar com milhares de euros sem qualquer contrapartida. A autarquia paga viagens de férias no Brasil a vereadores mas não pensa em quem não tem uma casa: um direito para todos. Se a nossa petição está apostada em salvar a nossa ocupação, tem também como objectivo dar a voz aos cidadãos que querem fazer-se ouvir junto dos políticos de todas as cores que estão confortavelmente sentados na assembleia municipal. Convidamos os cidadãos a aderir à iniciativa, seja assinando a petição nas nossas bancas, seja visitando a própria CasaPound, para verem todo o trabalho que lá desenvolvemos".

CasaPound Latina

"Tudo isto cubriria de ridículo a ideia de uma Europa una"

"A unidade europeia seria sempre precária apoiando-se sobre algo como um parlamento internacional privado de uma autoridade única e superior, com representações de diferentes regimes políticos de tipo democrático, regimes que, por serem constantemente condicionados por baixo, não podem de alguma maneira assegurar uma continuidade de vontade e de direcção política. Num regime democrático a soberania do Estado é efémera, uma nação não apresenta uma verdadeira unidade, e é pelo mero número monopolizado, hoje por um partido, amanhã por outro, com as suas manobras no sistema absurdo de sufrágio universal, que a vontade política é condicionada de forma quotidiana, faltando pois os caracteres de um todo orgânico. (...) Com a democracia por um lado, e por outro um parlamento europeu que reproduzisse em grande o espectáculo desolador e pavoroso apresentado pelos actuais parlamentos democráticos europeus: tudo isto cubriria de ridículo a ideia de uma Europa una."

Julius Evola
in "Los Hombres y las Ruinas", Ediciones Heracles

Oposição Radical

terça-feira, 17 de junho de 2008

Sevilha contra a islamização

Grande campanha a decorrer na cidade de Sevilha. Uma plataforma de cidadãos mobilizou-se contra a construção de uma mega-mesquita, com um minarete de 40 metros de altura, em plena cidade de Sevilha, no antigo recinto da Expo92. Os sevilhanos não ficam de braços cruzados perante a construção na sua cidade de uma mesquita financiada pelo islamismo mais radical e intolerante.

Dever de Memória

A 17 de Junho de 1974, Giuseppe Mazzola (60 anos) e Graziano Giralucci (29 anos) eram executados durante um ataque das Brigadas Vermelhas à sede regional do Movimento Social Italiano (MSI) em Pádua.
Um comando de cinco pessoas, equipadas com pistolas e silenciadores, entraram na sede às 9h30 daquele dia, numa acção paramilitar que tinha como objectivo principal roubar documentos do partido. Naquela manhã, na sede, por acaso, estavam Mazzola ("carabiniere" aposentado e responsável pela contabilidade) e Giralucci (agente de comércio, praticante de rugby e militante "missino"), que foram abatidos a sangue-frio. Esta foi a primeira acção reivindicada pelas Brigadas Vermelhas.
O grupo de música alternativa italiana La Compagnia dell’Anello dedicaria às vítimas a música Padova 17 Giugno.

"Acordo" Ortográfico?

Ousar!

(Umberto Boccioni, "Carga dos Lanceiros")

«Segundo o célebre verso de Hölderlin “estamos na Meia-noite do mundo” e quando o sol se levantar a manhã deverá pertencer-nos. Giorgio Locchi dizia o mesmo: vivemos o Interregno, entre o desmoronar de um sistema e a construção do novo universo que será metamórfico. É portanto urgente construir uma concepção do mundo que constitua o denominador comum da nossa corrente de pensamento, à escala europeia, e que, face à emergência, supere as disputas secundárias de doutrina ou sensibilidade. A noção de arqueofuturismo pode ajudar-nos. Como já profetizava Nietzsche: «O homem do futuro será o que tiver a mais longa memória».

Permaneço sempre fiel ao conceito global de “nacionalismo”, mas entendido na sua dimensão continental, europeia, e não o hexagonal herdado da discutível filosofia da Revolução Francesa. Hoje, ser nacionalista significa dar de novo a este conceito o seu significado etimológico original: “defender os nativos de um mesmo povo”. Isto pressupõe a ruptura com a noção tradicional, herdada da filosofia igualitária das Luzes, de nação e cidadania. Ser nacionalista hoje significa abrir-se à dimensão de um “povo europeu” que existe, está ameaçado mas não está ainda politicamente organizado para defender-se. Pode ser-se “patriota”, ligado à própria pátria sub-continental, sem, porém, esquecer que essa é parte orgânica e vital do povo comum cujo território natural e histórico, cuja fortaleza, direi, se estende de Brest ao estreito de Bering. É verdade que a Europa actual, esta “coisa”, deve ser combatida na sua forma, mas a tendência histórica dos povos europeus a reunir-se frente à adversidade deve ser defendida até ao fundo.

Algumas das minhas posições neste livro, a favor dos Estados Unidos da Europa ou da Federação Euro-siberiana, poderão, talvez, chocar alguns. Mas que fique claro: não sou um partidário da Europa invertebrada do Tratado de Amesterdão, nem um inimigo da França ou de qualquer outra pátria europeia. Mais uma vez proponho pistas, provoco rupturas, para criar um debate, esforço-me por indicar “linhas de valor”, mas em nenhum caso proponho uma doutrina fechada. A juventude europeia, a verdadeira, exige ideias novas à altura dos perigos iminentes, não fantasias ou choradinhos humanitaristas num clima de censura e repressão sofisticada. A “geração Miterrand” (NdT: nós diríamos “geração Soares”) está morta, submersa pelo ridículo e paralisada pelo fracasso. Agora é preciso que surja a geração dissidente. Cabe a essa imaginar o inimaginável.»

Guillaume Faye
in "L’Archeofuturisme" (traduzido por Rodrigo N.P.)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O Amor e a Guerra

DDT

Nascidos em 1998, em Milão, os DDT são uma banda de rock identitário italiano. Vão buscar o nome à "Dodicesima Disposizione Transitoria", um decreto da constituição italiana que proíbe a reconstituição e apologia do fascismo. Estrearam-se com uma cassete entitulada com o nome da banda, lançada em pleno Campo Base (festival de Verão nacionalista). Em 1999 participaram na compilação "Oltremuro", para comemorar o décimo aniversário da queda do Muro de Berlim, ao lado de bandas como Aurora e Indole. Em seguida colaboraram na compliação "Il ghigno feroce del natale". Em 2005 lançaram outro álbum de originais, com o título "Skaglia!", com clássicos como "Mi sento strano". Participaram depois na compliação "Skadafascio". Preparam agora um novo álbum, a editar 21 de Junho, com o título "Non puoi farci niente".

domingo, 15 de junho de 2008

Sobre o referendo irlandês ao Tratado de Lisboa

Ao recusar o Tratado de Lisboa a Irlanda prestou, pelo menos momentaneamente, um bom serviço à Europa. A responsabilidade que tinha em mãos era histórica. Depois de ter sido rejeitada por 2 vezes, na França e na Holanda, as oligarquias políticas europeias, armadas da habitual canalhice, decidiram sujeitar a Constituição Europeia a pequenas alterações de modo a poderem implementá-la sob um outro nome, uma outra aparência que escondia a mesma substância.

Lisboa foi então designada palco da encenação dessa farsa. Orgulhosa de fazer, como habitualmente, o papel de burra (aparentemente as boas lições nunca as aprende, como revelam todos os indicadores socio-económicos) mas obediente, a classe política portuguesa, e os seus jornalistas, rebolaram de regozijo com as festas e encómios dessa “União Europeia” que lhes define o norte e o sentido. “Muito Bem”! – Disseram-lhes, e eles, patéticos, apressaram-se a elogiar o desempenho do homem que, armado do digníssimo título de primeiro-ministro, a representou (à classe política portuguesa, entenda-se).

Orgulhoso do serviço, o funcionário português desses novos poderes globais, ainda animado pelos elogios e crente num triunfo do “sim” irlandês, não se fez rogado e anunciou mesmo em plena Assembleia da República o quão importante era para a sua carreira a aprovação daquele Tratado. Ah, estes políticos modernos, sempre preocupados com as causas mais elevadas!

O plano era perfeito. A farsa seria ratificada em sede parlamentar, livre dos humores da população, e pronto… e todos cumpriram a sua parte, todos menos os irlandeses. Não é que a classe política deles tivesse outra verticalidade, o problema é que estava obrigada pela própria lei interna a referendar o Tratado. Coitados, os ingénuos não encontraram forma de contornar esse detalhe, lamentável, sem dúvida, pensarão agora os políticos europeus. Se ao menos o referendo fosse uma questão de promessa política, como noutras latitudes mais ibéricas, teria sido mais fácil… mas o raio da lei…

Era só um referendo! Só um! O Tratado fora ratificado, à revelia dos povos da Europa, em todos os Parlamentos por onde passara. Bastou uma única consulta popular para ser recusado. Tal como o documento anterior, sob a designação de Constituição Europeia, havia passado nos parlamentos e chumbado entre os povos!

Motivações Diferentes

As motivações por detrás do “não” do povo irlandês foram diversas e contraditórias entre si. Uns votaram assim por razões identitárias e nacionalistas, outros em defesa de valores conservadores e cristãos, outros por acharem que o tratado configurava um ataque à sua ideia de Estado-previdência e outros ainda por temerem um potencial aumento da carga fiscal e do peso do Estado na vida irlandesa. Havia, portanto, de tudo, e sensibilidades que nunca poderiam chegar a um entendimento político que não fosse de tipo “negativo”, no sentido de estar “contra algo”, ou seja, poderiam, como o fizeram, somar votos entre si, mas não construir qualquer projecto em conjunto pela ausência de princípios comuns.

Contudo, no lado do "sim" sucedeu o mesmo, e aí ficaram também as gentes mais influenciáveis pelas ideias dominantes e as que têm menos interesse pelo fenómeno político. A argumentação do lado do "sim", na boca do cidadão comum, foi sempre um acervo de clichés e de generalidades entediantes.

A nossa motivação

O nosso “não”, se o tivéssemos podido expressar, assentaria precisamente na nossa “europeidade”. Podendo parecer contraditório, não o é! Fazendo nossa aquela imagem-guia que descobrimos em Jean Mabire, diremos que temos duas nações, a nossa nação original é a Europa e dentro dela, a uma outra escala, numa relação de complementaridade, a nossa nação é aquela que se projectou do encontro dos celtas e dos iberos, com outros povos indo-europeus, no extremo ocidental da Europa, para o futuro, numa corrente histórica que se mantém ligada por essa referência mítica primordial (a nossa especificidade face aos povos irmãos acabou por ser delineada por aqueles aspectos histórico-culturais que nos são próprios, como, a título meramente exemplar, a língua).

Portanto, é por fidelidade à Europa-Mãe que não podemos deixar de denunciar este Tratado como expressão da anti-Europa. Os defeitos que ali encontramos são os mesmos que encontrámos no texto da Constituição Europeia: a imposição dos valores humanitário-universalistas como definição do projecto europeu e a pretensão messiânica e proselitista – que está sempre presente naquilo que, convencido da sua superioridade moral, tem aspiração à universalidade – concretizada no objectivo de “promoção” dos valores da U.E. em todo o mundo.

Naturalmente, por se tratarem de “valores universais” e que dependem da adesão, eles não podem definir nem a Europa nem o homem europeu. Existirão não-europeus que aderem a eles em contrapartida a europeus que os rejeitam. Daqui decorre o mais inaceitável defeito do Tratado, a completa ausência da afirmação do que é particular da Europa e do europeu, do que é diferenciador face ao estrangeiro, que não dependa da adesão a uma ideologia, que seja material.

Um caso exemplar disso é a ausência da definição concreta das fronteiras geográficas da Europa (que existem no mundo físico, material, e por isso não são uma questão de adesão a “valores”). Ao não delimitar essas fronteiras este Tratado abre as portas à potencial inclusão da Turquia, de Israel, ou mesmo do Magrebe africano.

Uma vitória da democracia?

Podemos considerar, como fizeram a maioria dos partidários do “não”, que esta vitória foi da democracia? Bom, a resposta é mais complexa. Se estamos a falar de democracia-liberal representativa, que é precisamente aquela que o Tratado de Lisboa, com o objectivo de fechar qualquer alternativa, procura definir como caracterizadora da U.E. (cf. artigo 8A), então a única coisa que podemos dizer é que o resultado do referendo constitui para esse modelo uma derrota a toda a linha!

Se estamos a pensar nas formas de democracia orgânica, participativa ou directa, então sim, do ponto de vista meramente institucional tratou-se de uma vitória dessas formas de expressão política, do povo, como dos órgãos e associações da sociedade que existem para lá dos partidos.

Porém, se saímos dessa análise mais formal, a verdade é que aquela vitória, como aliás sucede em todos os combates histórico-políticos, não foi um produto da competência do “Demos” mas do “escol” que lutou do lado do “não” e forneceu a esse “Demos”, a essas massas, a sua argumentação e a sua análise. Na verdade, bastou escutar as justificações desse “Demos” para se perceber isso mesmo. Aqueles “nãos” variados repetiam as frases e as análises que lhes haviam sido emprestadas pelas "minorias mais capazes" que se colocaram no seu campo. Goste-se ou não, foi essa “aristocracia”, essas minorias, as únicas a ler, analisar e reflectir sobre o documento, entre o “Demos”, tanto no campo do “sim” como do “não”, o Tratado não foi lido nem foram compreendidas as suas consequências. Aqueles votos foram sustentados tanto sobre a argumentação disponibilizada pelas “melhores minorias” de cada um dos lados, como sobre uma intuição própria, mais abrangente, da construção europeia, pouco dependente do objecto concreto que estava a votação, no caso o Tratado de Lisboa.

Embora saibamos valorizar na ordem política essas apreensões mais intuitivas da realidade, que constituem muitas vezes a melhor defesa contra as deturpações elaboradas mas artificiais do mundo, não podemos deixar de dizer que a leitura efectiva do Tratado era condição sine qua non para se poder falar com propriedade em autoridade do “Demos”.

Assim, como sempre, esse “Demos” não foi mais que o repositório, tornado força-motriz, das ideias que lhe vieram de cima. Uma negação importante do princípio democratista.

Vale a pena realçar que este resultado representa também uma derrota da asfixiante presença da partidocracia em toda a vida das sociedades ocidentais, porque, há que relembrá-lo, a quase totalidade dos partidos políticos irlandeses colocou-se do lado do “sim”.

Os modelos democráticos e o dinheiro

Por outro lado, este referendo constituiu mais uma demonstração da relação de enorme proximidade entre os modelos democráticos e o dinheiro, e não há quem tenha coragem de corrigir essa perversidade. Como a democracia se exprime pelo triunfo de posições difundidas por “elites” sobre as massas, ou seja, pela capacidade dessas posições serem aceites entre a população, ela surge muito dependente do poder financeiro, porque é ele que paga a difusão das mensagens propagandísticas que decidem os votos do “Demos”.

O “não” na Irlanda só pôde competir contra os partidos e os grandes interesses que lhes estão subjacentes porque beneficiou do dinheiro de alguns multimilionários (sendo o caso mais mediático o de Declan Ganley e da organização que liderava, a “Libertas”) apostados em rejeitar o Tratado; dinheiro esse que permitiu o acesso das ideias-chave do “não” aos órgãos de comunicação social, fora dos quais não existe realidade para a maioria das pessoas, bem como o espalhar dessas ideias pelas ruas do país…

E agora?

De qualquer forma, ainda que conscientes de que este “não” tem muitos “nãos” opostos, conscientes de que o voto foi, em muitos casos, ditado por interpretações duvidosas ou simplistas do Tratado, congratulamo-nos com o resultado.

Mas não entramos em euforia, as reacções das principais figuras da U.E. ao resultado mostraram que o tacticismo pouco ético próprio do aparelho político europeu está para continuar. A chantagem política sobre o povo irlandês já começou e, provavelmente, irá em crescendo nos próximos tempos. As afirmações de que, independentemente daquele desfecho, o Tratado deve avançar, são sinal mais que evidente para concluirmos que, uma vez mais, os funcionários políticos que na Europa se encontram ao serviço dessa ordem político-financeira global e destruidora das pátrias, não estão dispostos a parar perante nada.

Aparentemente, nem perante os próprios “valores universais” que afirmam seus. É que, ironicamente, o desrespeito manifesto pela decisão irlandesa é em si a negação das tais ideias com que, na incapacidade de afirmarem a defesa da identidade da Europa e os seus limites materiais, pretenderam caracterizar o seu projecto político. O Tratado de Lisboa introduz no Preâmbulo do Tratado da U.E. o seguinte (confirmar também o artigo 1A):

«Inspirando-se no património cultural, religioso e humanista da Europa, de que
emanaram os valores universais que são os direitos invioláveis e inalienáveis da pessoa humana, bem como a liberdade, a democracia, a igualdade e o Estado de direito»

Que liberdade é a deles? A que nega aos homens e mulheres da Europa a possibilidade de decidirem sobre o seu futuro, como sucedeu na maior parte dos Estados? A que lhes dá essa possibilidade mas sob ameaça de que, caso o exercício dessa sua liberdade não seja de acordo ao pretendido, serão penalizados?

Que igualdade é a deles? A que faz com que uns poucos funcionários medíocres que nada provaram na vida decidam em sedes parlamentares ou em pequenas reuniões sobre a vida de milhões dos seus compatriotas?

Que democracia é a deles? A que rejeita os resultados do jogo democrático quando esses não são os “seus”?

E sobretudo, que Estado de Direito é o deles que faz avançar um tratado quando o Direito diz que a sua rejeição por um dos Estados-membros impede a sua implementação?

Rodrigo N.P.
bf_europa@yahoo.com

sábado, 14 de junho de 2008

Acção-Reacção

"Naturalmente, o termo “reacção” tem em si mesmo um certo tom negativo: quem reage não tem a iniciativa da acção: reage-se, de forma defensiva, perante algo que já se afirmou de facto. É necessário pois precisar que não se trata de deter os avanços do adversário sem dispor de algo positivo. O equívoco poderia ser eliminado associando a fórmula de “reacção” à de uma “revolução conservadora”, na qual é posto em relevo o elemento dinâmico, deixando de significar “revolução” a subversão violenta contra uma ordem legítima, mas uma acção projectada para pôr fim a uma desordem ocorrida, remetendo a uma situação de normalidade. De Maistre destacou que aquilo que se trata, mais que uma “contra-revolução” no sentido estrito, é o “o contrário de uma revolução”, ou seja uma acção positiva que se remete às origens. É estranho o destino das palavras, “revolução” na sua etimologia original latina não queria dizer algo distinto; derivado de re-volvere, o termo expressava um movimento que remete ao ponto de partida, à origem. Portanto, justamente das origens se deveria obter a força “revolucionária” e renovadora, para actuar contra a situação existente."

Julius Evola
in "Los Hombres y las Ruinas", Ediciones Heracles

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Casa d'Italia Prati

Casa d'Italia Prati. Alternativa à especulação imobiliária e à usura bancária. Fundada a 23 de Junho de 2007 num edifício abandonado (mais um!) no coração da capital italiana, a Casa d'Italia Prati representa mais um caso de sucesso do longo trabalho social dos nacionalistas italianos. Porque as preocupações sociais não são propriedade exclusiva da esquerda. Este caso concreto dá abrigo a 30 famílias, 70 inquilinos dos quais 25 são crianças. Mas não só. O edifício serve de sede a um clube desportivo, uma secção sindical e uma associação cultural, para além de contar com uma biblioteca própria, um clube de cinema, um pub e uma pequena capela. Os ocupantes têm aproveitado para estreitar laços com a comunidade através da promoção de actividades conjuntas, o que agradou bastante aos habitantes da zona, satisfeitos com um projecto social que conseguiu afastar da vizinhança o tráfico de droga e a delinquência.
A Casa d'Italia Prati é uma das mais ambiciosas ocupações jamais realizadas pelos nacionalistas de Roma. Encontra-se, como é natural, na mira das autoridades. Por seu lado, os ocupantes dizem-se dispostos a tudo. Casa d'Italia Prati é mais que uma simples ocupação. É o símbolo de toda uma nova atitude. De toda uma nova Política.

À Direita

"Disse-se já que as palavras-chave do vocabulário direitista teriam sido desacreditadas pelos fascismos. Diremos, antes, que se esse descrédito foi sabiamente construído e mantido por facções especialistas e especializadas na difusão de mitos incapacitantes e culpabilizantes. É necessário que sejamos muito claros neste caso. Aqui, não nos encontramos em presença de uma análise, mas de uma propaganda. Consiste esta propaganda em assimilar ao «fascismo» toda e qualquer doutrina de direita que se afirme com algum vigor e, como corolário, a definir apenas como «democráticos» os regimes que concebam a liberdade sob a forma de um «deixa andar» de qualquer forma estatutário, como indispensável, aos empreendimentos revolucionários da extrema-esquerda. Por extensão, esta assimilação exerce-se restrospectivamente. É assim que vemos (…) afirmar que a obra de Gobineu está «do lado do crime» — o que é mais ou menos tão inteligente como acusar Jean-Jaques Rousseau de ser totalmente responsável pelo Goulag. A nossa sociedade oferece, assim, o espantoso espectáculo de uma direita que se não pode afirmar como tal sem se ver taxada de «fascismo», e de uma esquerda e de uma extrema-esquerda que a qualquer momento se podem dizer como socialistas, marxistas ou comunistas, afirmando sempre, claro está, que as suas doutrinas nada têm a ver com o estalinismo, nem, aliás, com qualquer forma de socialismo historicamente realizado. Ora, se os seguidores das diversas variedades de socialismo se não sentem comprometidos por qualquer das experiências concretas que os precederam — e nomeadamente pelas mais criminosas de entre elas — não vejo por que razão a direita moderna, que afasta totalmente de si qualquer vocação totalitária, terá de bater com a mão no peito e justificar-se. Frente ao prodigioso descaramento dos partidários de uma doutrina em nome da qual se massacraram já mais de 50 milhões de pessoas e que nem por isso deixam de se apresentar com a mão sobre o coração e rosa em punho como sendo os grandes defensores da liberdade, que a direita respondea com uma grande gargalhada libertadora — e que prossiga o seu caminho."

Alain de Benoist
in "Nova Direita Nova Cultura – Antologia crítica das ideias contemporâneas", Lisboa, Fernando Ribeiro de Mello/Edições Afrodite, 1981, pp. xxv-xxvi.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Origem da Ratazana Negra

Apresentar Jack Marchal não é tarefa fácil. Autêntica referência cultural nacionalista, há trinta anos que frequenta os mais míticos grupos franceses (Occident, GUD - Groupe Union Défense, Ordre Nouveau, PFN) com o seu humor corrosivo. Segundo as suas palavras: "foi vendo os esquerdistas do campus de Nanterre que entendi que os inimigos desses idiotas não poderiam ser outra coisa que meus amigos; foi assim que conheci a cruz céltica, no Inverno de 1966-1967". No artigo seguinte, descreve-nos a génese do símbolo da militância nacionalista radical, a ratazana negra! Essa ratazana negra de humor ácido criou um espírito particular, combinando agressões verbais, auto-ironia, nostalgia humorística de quem é odiado por todos, provocação e orgulho; esse humor "vermelho e negro" que constitui a herança dos movimentos nacional-revolucionários em França, Bélgica, Espanha e Itália... Homem de cultura (desenhador de Alternative, célebre revista do GUD, co-autor com Fréderic Chantillon e Thomas Lagane da obra "As ratazanas malditas" sobre os 30 anos de história dos movimentos nacionalistas estudantis em França), Marchal é também músico, percursor da aventura do RIF, o Rock Identitário Francês, na qual participou. Em 1979 realizou um álbum entitulado "Science et Violence" (reeditado). Mais recentemente, foi guitarrista do grupo Elendil e gravou ainda um álbum a solo, sob o título "Sur les terres du RIF".

Pode explicar-nos como apareceu a Ratazana Negra?
Apareceu como símbolo do GUD há mais de trinta anos, em finais de Janeiro de 1970. De forma casual, sem ser totalmente fruto da sorte. Passo a explicar: nessa época, uma manada de grupúsculos político-sindicais de extrema-esquerda haviam aproveitado a relação de forças resultante de Maio de 68 para colonizar as universidades francesas. Os corredores das faculdades estavam repletas de faixas e de cartazes com textos intermináveis e repetitivos, de tipos que passavam o dia inteiro a escrever manifestos revolucionários de grande formato. É incrível como os marxistas sabiam ser extensos quando os deixavam. Na faculdade de Direito parisience de Assas, onde estávamos infiltrados, o GUD tentava distinguir-se da charlatanice do ambiente com cartazes o mais sucintos possível, com alguns slogans humorísticos desenhados com uma estética mutio particular. Assim, distinguiamo-nos à primeira vista, até pela ausência de símbolo (desde a dissolução do grupo Occident não nos atrevíamos a usar a cruz céltica). Eu era dos que estavam encarregados de fazer os cartazes (ou de, pelo menos, rever a ortografia), sob a direcção de Frédéric B., um dos antigos dirigentes do grupo Occident. Era um profissional, saído de Belas Artes, e era ele que desenhava os cartazes do Occident, assim como os primeiros do grupo Ordre Nouveau. Ensinou-nos que apenas a estética é revolucionária e que impor um estilo é o melhor meio de ser visto e de chegar a ser fortes.

Entretanto, nesse Inverno de 1969-70, deu aos nossos adversários para afixar cartazes de caricaturas, às vezes não muito más, que atraíam o olhar e que tinham normalmente como alvo o nosso grupo. Não podíamos ficar para trás, tínhamos que contra-atacar: o GUD expressar-se-ia com banda-desenhada gigante, com cores, legível de longe! Tinha feito banda-desenhada quando tinha 10 ou 12 anos e mais nada desde então, mas recuperei. E lançámos uma crónica ilustrada divertidíssima, quase quotidiana. Passava duas horas todas as tardes no local do GUD; com outros camaradas delirávamos enquanto seleccionávamos as ideias mais descabeladas... A actualidade facilitava o trabalho, já que a agitação universitária era notícia nos jornais. Foi isso que me levou a tratar o caso do reitor da universidade de Naterre, que havia sido forçado por esquerdistas a refugiar-se nos lavabos. Na nossa crónica desenhei-o no lixo, entre peixes podres e cascas. Desenhei também uma ratazana, era lógico nesse lugar... Na sua primeira aparição, estava apenas a roer uma cenoura, mas não tardou a expressar-se, a fazer comentários sarcásticos do seu canto. Era muito prática, a ratazana. É uma tendência muito natural colocar na margem um pequeno personagem que faça o contra-ponto com a cena principal (procedimento sistemático de Brueghel e de outros desenhadores americanos, sem esquecer Gotlib e a sua joaninha. Noto que desde há um tempo o infame Plantu não pára de desenhar uma pequena ratazana na esquina dos desenhos que publica para o Le Monde. Saberá o infeliz no que se está a meter?)

Então, estamos com essa ratazana que, no fundo, dizia o que tínhamos que dizer. É aí que Gérard Ecorcheville, o camarada que nesse momento era responsável pela propaganda do GUD, teve uma ideia que jamais poderemos agradecer: "Eh, mas essa ratazana... somos nós!". Essa genial observação pôs fim a uma das minhas principais dificuldades, que era saber como representar o GUD. Com o aspecto de heróicos cavaleiros hiperbóreos? De jovens raparigas e rapazes sobre eles? Em brutais batalhas sempre vitoriosas? Enfim, num golpe de mão encontrávamos uma representação satisfatória, um logotipo, um símbolo distintivo que nos diferenciava dos outros, um símbolo, todo um estilo. Foi um êxito imediato. No dia seguinte toda a faculdade identificava o GUD na ratazana, as massas empurravam-se para ler a crónica do dia. A ratazana negra foi copiada e recopiada por toda a parte, mesmo para além do GUD, apareceu inclusivamente na televisão durante os incidentes da faculdade em Fevereiro/Março de 1970.

in "Devenir" n.º13, 2002.

Mentalidade Cristã

"Nós julgamos sempre que o Cristianismo consiste em pertencer à Igreja e perfilhar certa fé. Na realidade, o cristianismo é o nosso mundo. Tudo o que pensamos é fruto da Idade Média cristã, até a nossa ciência; em resumo, tudo o que se move dentro de nossos cérebros é, necessariamente, moldado por essa época histórica que vive, ainda, em nós, pela qual estamos definitivamente impregnados e que representará sempre, no mais distante futuro, uma camada da nossa constituição psíquica, nisso se assemelhando aos vestígios que o nosso corpo traz do seu desenvolvimento filogenético. A nossa mentalidade, a nossa concepção das coisas, nasceu na Idade Média cristã, quer se queira quer não. A época das luzes nada apagou. A marca do Cristianismo encontra-se, até, presente na maneira como o homem quer racionalizar o mundo. A visão cristã do universo é, assim, um dado psicológico que escapa às explicações intelectuais."

C.G.Jung
in "O homem à descoberta da sua alma".

Atrida
atrida3@gmail.com

CasaPound Itália: Primeiro Encontro Nacional

A associação CasaPound Itália agendou para 19, 20, 21 e 22 de Junho o seu primeiro encontro nacional. Serão quatro dias de conferências, concertos, desporto, convívio, debate, solidariedade e cultura de acção. O evento realiza-se na Area 19, a mais recente ocupação dos activistas da CasaPound.